ETNIA INY-KARAJÁ DURANTE A DITADURA MILITAR

PROJETO DE ESQUECIMENTO

Auteurs

Mots-clés :

Ditadura Civil-Militar, Esquecimento, Iny¬-Karajá

Résumé

Na História do Brasil, o desenvolvimento capitalista está profundamente atrelado ao sacrifício de direitos indígenas em face aos interesses políticos e econômicos, no qual determinados períodos históricos, como a colonização, a Marcha para o Oeste e a Ditadura Civil-Militar, representam os principais eventos que marcam a devastação dos territórios indígenas. Nas regiões mais centrais, a escassez de fontes documentais e a falta de profundidade dos documentos existentes impõem um “esquecimento” sistematizado das populações indígenas da memória goiana, a partir da expansão da economia capitalista sobre os territórios das populações originárias. Os fatores relativos ao “desenvolvimento” e à “modernização” do Cerrado desconsideram a presença milenar das populações indígenas, bem como a sua relação com a terra, elemento central dessa disputa, em que de um lado a existência indígena é indissociável deste elemento e, de outro, historicamente, é um recurso de suma importância para a economia capitalista. Nesse sentido, ao atribuir ao indígena, e ao seu modo de vida tradicional, a condição de entrave ao “desenvolvimento”, retirando-o de seu território de forma organizada e articulada, o processo de “esquecimento” pode ser observado enquanto um projeto sistematizado de nulificação do protagonismo indígena na História de Goiás, ou, quando muito, considera-o apenas na história pretérita, portanto, um status a ser superado. O presente artigo, como parte dos estudos de uma dissertação de mestrado, busca apresentar os resultados parciais até então levantados acerca da história indígena Iny­-Karajá em Goiás, a partir da premissa de um projeto sistemático de “esquecimento”, durante a Ditadura Civil-Militar (1964-1985).

Biographies de l'auteur

  • Maria Eduarda Oliveira, Universidade Estadual de Goiás

    Mestre em Ciências Humanas e Sociais pelo Programa de Pós-Graduação Territórios e Expressões Culturais do Cerrado da Universidade Estadual de Goiás (PPGTECCER/UEG); Licenciada em História pela Universidade Estadual de Goiás; Especialista em Ciências Humanas e Sociais e o Mundo do Trabalho pela Universidade Federal do Piauí. Email: me.eduardaoliv@gmail.com.

  • Poliene Soares dos Santos Bicalho, Universidade Estadual de Goiás

    Possui graduação em História pela Universidade Federal de Goiás (2000), mestrado em História pela Universidade Federal de Goiás (2003) e doutorado em História pela Universidade de Brasília (2010). Atualmente é professor titular da Universidade Estadual de Goiás e Coordenadora do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu Interdisciplinar em Territórios e Expressões Culturais no Cerrado. Tem experiência na área de Antropologia, com ênfase em Interdisciplinar, atuando principalmente nos seguintes temas: indígenas, movimento indígena, Cerrado, artes indígenas e Ditadura Civil-Militar e Indígenas. Líder do Grupo de Pesquisa SABERES, SOCIEDADE E NATUREZA NO CERRADO.

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Publiée

2024-11-09

Comment citer

ETNIA INY-KARAJÁ DURANTE A DITADURA MILITAR: PROJETO DE ESQUECIMENTO. (2024). Revue De Droit Socio-Environnemental, 2(02), p. 47-63. //www.revista.ueg.br/index.php/redis/article/view/15672

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