ETNIA INY-KARAJÁ DURANTE A DITADURA MILITAR
PROJETO DE ESQUECIMENTO
Mots-clés :
Ditadura Civil-Militar, Esquecimento, Iny¬-KarajáRésumé
Na História do Brasil, o desenvolvimento capitalista está profundamente atrelado ao sacrifício de direitos indígenas em face aos interesses políticos e econômicos, no qual determinados períodos históricos, como a colonização, a Marcha para o Oeste e a Ditadura Civil-Militar, representam os principais eventos que marcam a devastação dos territórios indígenas. Nas regiões mais centrais, a escassez de fontes documentais e a falta de profundidade dos documentos existentes impõem um “esquecimento” sistematizado das populações indígenas da memória goiana, a partir da expansão da economia capitalista sobre os territórios das populações originárias. Os fatores relativos ao “desenvolvimento” e à “modernização” do Cerrado desconsideram a presença milenar das populações indígenas, bem como a sua relação com a terra, elemento central dessa disputa, em que de um lado a existência indígena é indissociável deste elemento e, de outro, historicamente, é um recurso de suma importância para a economia capitalista. Nesse sentido, ao atribuir ao indígena, e ao seu modo de vida tradicional, a condição de entrave ao “desenvolvimento”, retirando-o de seu território de forma organizada e articulada, o processo de “esquecimento” pode ser observado enquanto um projeto sistematizado de nulificação do protagonismo indígena na História de Goiás, ou, quando muito, considera-o apenas na história pretérita, portanto, um status a ser superado. O presente artigo, como parte dos estudos de uma dissertação de mestrado, busca apresentar os resultados parciais até então levantados acerca da história indígena Iny-Karajá em Goiás, a partir da premissa de um projeto sistemático de “esquecimento”, durante a Ditadura Civil-Militar (1964-1985).
Références
A PALAVRA DO ÍNDIO. 12ª Assembléia de Chefes - Depoimentos e exigências da assembléia de chefes indígenas. Goiás, 19 de dezembro de 1978. [documento digitalizado] Disponível em: <https://www.docpro.com.br/> Acesso em 31 de janeiro de 2024.
AMORIM, Eduardo Guedes de. Aruanã. Goiânia: Editora Oriente, 1973.
BICALHO, Poliene dos Santos. Resistir era preciso: O Decreto de Emancipação de 1978, os povos indígenas e a sociedade civil no Brasil. Topoi (Rio J.), Rio de Janeiro, v. 20, n. 40, p. 136-156, jan./abr. 2019.
BRIGHENTI, Clovis Antônio. Colonialidade do poder e a violência contra os povos indígenas. Revista PerCursos. Florianópolis, v. 16, n.32, p. 103 –120, set./dez. 2015.
CABRAL, Rafael Lamera Giesta; MORAIS, Vitória Larissa Dantas de. Os povos indígenas brasileiros na ditadura militar: tensões sobre o desenvolvimento e violação de direitos humanos. Direito & Desenvolvimento - Revista do Programa de Pós-Graduação em Direito- Mestrado em Direito e Desenvolvimento Sustentável, v. 11, n. 1, jan/jun, 2020.
DAVIS, Shelton. Vítimas do milagre: o desenvolvimento e os índios do Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
EVANGELISTA, Breno Luiz Tommasi. Ditadura brasileira e questão indígena: entre as lutas por direitos civis e os debates sobre direitos humanos no mundo. Revista Ars Historica, ISSN 2178-244X, nº17, , p. 18-36., jul./dez. 2018.
FERREIRA Andrey Cordeiro. Colonialismo, capitalismo e segmentaridade: nacionalismo e internacionalismo na teoria e política anticolonial e pós-colonial. Revista Sociedade e Estado, v. 29, n. 1, Janeiro/Abril 2014.
FREGOLET, T.; SCHNEIDER, A. L. 1940: o ano que o Brasil oficial se voltou para o Oeste brasileiro. Revista Territórios e Fronteiras, [S. l.], v. 16, n. 1, p. 275–295, 2023.
FUNES, Eurípedes. Sertão Cerrado. In: SILVA, S.; PIETRAFESA, J.; FRANCO, J.; DRUIVIMOND, J.; TAVARES, G. (Orgs.). Fronteira Cerrado: Sociedade e Natureza no Oeste do Brasil. Goiânia: Ed. PUC/Gráfica e Editora América, 2013.
GALEANO, Eduardo. As veias abertas da América Latina. Trad: Sérgio Faraco. – Porto Alegre, RS: L&MP, 2019.
GUNDER FRANK, Andre. Acumulação dependente e subdesenvolvimento: repensando a teoria da dependência. São Paulo: Editora brasiliense: 1980.
HAESBAERT, Rogério. Viver no limite: território e multi/transterritorialidade em tempos de in-segurança e contenção. - 1° ed. - Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2014.
KRENAK, Ailton. O amanhã não está à venda. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.
LIMA FILHO, Manuel Ferreira. Karajá de Aruanã. In: MOURA, Marlene Castro Ossami de (org.). Índios de Goiás: uma perspectiva histórico-cultural. Goiânia: Ed. da UCG/Ed. Vieira/Ed. Kelps, 2006.
MARTINS, José de Souza. A emancipação do Índio e a emancipação da terra do índio. In: HISTÓRICO DA EMANCIPAÇÃO. São Paulo. 1979. Comissão Pró-Índio/SP. 1. ed. São Paulo: Ed. Parma Ltda, 1979.
MARX, Karl. O Capital: crítica e economia política. Livro Primeiro. O processo de produção do capital. Vol. II. Trad.: Reginaldo Sant’Anna.- 8 ed. - São Paulo: Difusão Editorial S.A, 1968.
MEDRADO, Joannes de Souza. Povo Karajá de Aruanã/GO: território e vida indígena. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Câmpus Cora Coralina, Universidade Estadual de Goiás, 2021.
NEVES, Fernando Arthur de Freitas. O discurso dos planejadores na Amazônia e a cultura política de realização. Secuencia, México, n. 108, 2020.
NUNES, Eduardo S. Transformações Karajá: os “antigos” e o “pessoal de hoje” no mundo dos brancos. Tese (Doutorado – Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social). Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Brasília, Brasília, 2016.
NUNES, Eduardo S. O território das onças e a aldeia dos brancos: lugar e perspectiva entre os Karajá de Buridina (Brasil Central) », Journal de la Société des américanistes [En ligne], 99-2. 2013.
OLIVEIRA, A. U de. Amazônia: monopólio, expropriação e conflitos. Campinas: Papirus, 1993.
PEDROSO, Dulce Madalena R. Avá-Canoeiro: a terra, o homem, a luta. Goiânia: Ed. UCG, 1990.
PEREIRA, Flávio de Leão Bastos. Genocídio indígena no Brasil: o desenvolvimentismo entre 1964 e 1985. Curitiba: Juruá, 2018.
PORTELA, Cristiane de Assis. Nem ressurgidos, nem emergentes: a resistência histórica dos Karajá de Buridina em Aruanã-GO (1980-2006). Dissertação (Mestrado) – Programa de Mestrado em História da Faculdade de Ciências Humanas e Filosofia da Universidade Federal de Goiás. UFG, Goiânia, 2006.
RODRIGUES, Clayton Emanuel; SANTANA, Cleildes Marques de. Reprodução colonial capitalista e resistências indígenas: estudo comparativo entre Brasil e México. Configurações [online], 25 | 2020.
SANTOS, Alex Mota dos. Choques de territorialidades nas terras indígenas de Goiás/Brasil. Revista Territorial - Goiás, v.5, n.1, p.50-64, jan./jun. 2016.
SOUZA, Eric Ferreira de; CALÇAVARA, Lilian Bradnt (orgs.). Narrativas Karajá. Palmas, TO: IPHAN - Instituto Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 2016.
SILVA, Lorrane Gomes da; LIMA, Sélvia Carneiro de. O povo Indígena Karajá de Aruanã/GO: ressignificações socioculturais. Ateliê Geográfico, Goiânia-GO, v. 11, n. 3, p. 155-169, dez. 2017.
SILVA, Lorrane Gomes da; LIMA, Sélvia Carneiro de. NAZARENO, Elias. O povo Karajá de Aruanã-GO/Brasil: turismo, território e vida indígena. Tempos Históricos, v. 23, p. 216-240, 1º semestre de 2019.
TRINIDAD, Carlos Benítez. A questão indígena sob a ditadura militar: do imaginar ao dominar. Anuário Antropológico, Brasília, UnB, v. 43, n. 1: 257-284, 2018.
TRINIDAD, Carlos Benítez. Um espejo em medio a um teatro de símbolos: el indio imaginado por el poder y sociedad brasileña durante la dictadura civil-militar (1964-1985). 2017. 537 f. Tese (Doutorado Multi-institucional e Multidisciplinar em Difusão do Conhecimento) - Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Educação, Salvador, 2017.
TRINIDAD, Carlos Benítez; OLIVEIRA, Maria Eduarda; BICALHO, Poliene Soares dos Santos. A questão indígena sob a Ditadura Militar e seus desdobramentos em Goiás. In: BICALHO, Poliene S. S. MOURA; Marlene Ossami de; INY-KARAJÁ, Vanessa Hãtxu. (Orgs.). Povos Originários. Goiânia, Edições Goiás +300, 2023.
VIANA, Nildo. A Consciência da História: ensaios sobre o Materialismo-Histórico Dialético. - 2° ed. - Rio de Janeiro: Achiamé, 2007.
Téléchargements
Publiée
Numéro
Rubrique
Licence
(c) Copyright ReDiS - Revista de Direito Socioambiental (UEG) 2024

Ce travail est disponible sous licence Creative Commons Attribution - Pas d'Utilisation Commerciale - Pas de Modification 4.0 International.
L’auteur(s) accepte(nt) et déclare(nt) que :
- Il(s) a(ont) fourni des informations exactes et véridiques et n’a(ont) pas créé une fausse identité ni utilisé de subterfuges dans le but de tromper des personnes, des institutions ou d’obtenir des avantages de toute nature ;
- Il(s) est(sont) le(s) seul(s) responsable(s) de toute information fournie et est(sont) soumis aux implications administratives et légales découlant de déclarations inexactes ou fausses (Articles 298 et 299 du Code Pénal Brésilien) pouvant causer des préjudices à la Revue ou à des tiers ;
- Il(s) n’a(ont) pas utilisé la Revue à des fins illégales, illicites ou interdites, ni pour des actions violant la vie privée ou les droits de tiers, y compris les droits d’auteur ou de propriété intellectuelle.