BIXAS NA ENCRUZILHADA
MEMÓRIAS ESCOLARES NUMA PERSPECTIVA EXUSÍACA
DOI:
https://doi.org/10.31668/rta.v22i02.12444Palavras-chave:
Bixas, educação, ExuResumo
O presente artigo, estruturado na forma de um tridente duplo, apresenta as vozes de três bixas acadêmicas, buscando o resgate de partes de suas memórias escolares, para, através destas, ensaiar uma autoetnografia baseada na pedagogia das encruzilhadas. Com isso, há a constatação do quanto a colonialidade se faz presente nas memórias escolares, estruturando assim um espaço escolar marcado pelas violências de gênero e sexuais. Para além da constatação citada, o que se busca, por meio desse exercício de escrita decolonial, é refletir o quanto que os saberes macumbísticos - tão depreciados pela ciência colonialista - podem auxiliar na construção de um processo educacional que se pretenda menos violenta para com os corpos bixas.
Referências
ARARUNA, Maria Léo Fontes Borges. O direito à cidade em uma perspectiva travesti: uma breve autoetnografia sobre socialização transfeminina em espaços urbanos. Periódicus, Salvador, n. 8, v. 1, nov.2017-abr. 2018.
BIRMAN, Patrícia. Fazer estilo criando gêneros: possessão e diferenças de gênero em terreiros de umbanda e candomblé no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Relume Dumará/EDUERJ, 1995.
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.
COHEN, Jeffrey Jerome. A cultura dos monstros: sete teses. In: SILVA, Tomaz Tadeu da (Org.). Pedagogia dos monstros: Os prazeres e os perigos da confusão de fronteiras. São Paulo: Autêntica, 2007.
CUMINO, Alexandre. Pombagira a deusa: mulher igual você. São Paulo: Madras, 2019.
DIAS, Claudenilson; COLLING, Leandro . Resistências e rejeições nas vivências de pessoas trans no Candomblé da Bahia. EX AEQUO (OEIRAS), n. 38, p. 95-110, 2018.
DUTRA, Débora Santos de Andrade; CASTRO, Dominique Jacob F. de A. Castro; MONTEIRO, Bruno Andrade Pinto. Educação em ciências e decolonialidade: em busca de caminhos outros. In: MONTEIRO, Bruno Andrade Pinto et al. (Orgs.). Decolonialidades na Educação em Ciências (Coleção culturas, direitos humanos e diversidades na educação em ciências). 1 ed. São Paulo: Livraria da Física, 2019, v. 1, p. 1-17.
FERNANDES, Estevão Rafael. Quando existir é resistir: Two-spirit como crítica colonial. Revista de Estudos e Pesquisas Sobre as Américas, v. 11, n. 1, p. 100-122, 2017.
GAMA, Fabiene. A autoetnografia como método criativo: experimentações com a esclerose múltipla. Anuário Antropológico, 2020, p. 188-208.
LAQUEUR, Thomas. Inventando o sexo: corpo e gênero dos gregos a Freud. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1996.
LEITE, Lúcia Helena Alvarez; RAMALHO, Bárbara Bruna Moreira; CARVALHO, Paulo Felipe Lopes de. Artigo - A educação como prática de liberdade: uma perspectiva decolonial sobre a escola. Educação em Revista, v. 35, p. e214079, 2019.
LOURO, Guacira Lopes. Um corpo estranho: ensaios sobre sexualidade e teoria queer. Belo Horizonte: Autêntica, 2018.
LUGONES, María. Colonialidade e gênero. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de (Org.). Pensamento feminista hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020, p. 52-83.
MISKOLCI, Richard. Teoria queer: um aprendizado pelas diferenças. São Paulo: Autêntica, 2012.
OLIVEIRA, Roberto Dalmo Varallo Lima de; SALGADO, Stephanie Di Chiara; QUEIROZ, Glória Regina Pessôa Campelo. Educação em direitos humanos e decolonialidades: um diálogo possível na educação em ciências? In:
MONTEIRO, Bruno Andrade Pinto et al. (Orgs.). Decolonialidades na Educação em Ciências (Coleção culturas, direitos humanos e diversidades na educação em ciências). 1 ed. São Paulo: Livraria da Física, 2019, v. 1, p. 119-137.
OYĚWÙMÍ, Oyèrónkẹ. Conceituando o gênero: os fundamentos eurocêntricos dos conceitos feministas e o desafio das epistemologias africanas. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de (Org.). Pensamento feminista hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020, p. 52-83.
PIRES, Amanda Lisboa Moreno; SILVA, Rosélia Santana da Silva; SOUTO, Verena Souza. Dos mitos iorubás à descolonização didática: dos direitos, identidades, proposta didática para o ensino. In: PINHEIRO, Bárbara Carine Soares; ROSA, Katemari. (Orgs.). Descolonizando saberes: a Lei 10.639/2003 no ensino de ciências (Coleção culturas, direitos humanos e diversidades na educação em ciências). 1 ed. São Paulo: Livraria da Física, 2018, v. 1, p. 41-56.
PRECIADO, Paul B. Manifesto contrassexual. São Paulo: n-1 edições, 2017.
QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder e classificação social. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENEZES, Maria Paula. (Orgs.). Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010.
ROSA, Katemari; ALVES-BRITO, Alan; PINHEIRO, Bárbara Carine Soares. Pós-verdade para quem? Fatos produzidos por uma ciência racista. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 37, n. 3, p. 1440-68, 2020.
RUFINO, Luiz. Pedagogia das Encruzilhadas. Rio de Janeiro: Mórula Editorial, 2019.
SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (Orgs.). Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010.
SIMAS, Luiz Antonio; RUFINO, Luiz. Fogo no mato: a ciência encantada das macumbas. Rio de Janeiro: Mórula Editorial, 2018.
VERGUEIRO, Viviane. Por inflexões decoloniais de corpos e identidades de gênero inconformes: uma análise autoetnográfica da cisgeneridade como normatividade. Dissertação (Mestrado em Cultura e Sociedade), Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2015.
VIDARTE, Paco. Ética Bixa. São Paulo: n-1 edições, 2018.
