OS CÍRCULOS DE MULHERES

REELABORANDO UM FEMININO NATURAL, SAGRADO E CÍCLICO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31668/rta.v23i02.12315

Palavras-chave:

Círculos de Mulheres, Ciclicidade Feminina, Espiritualidade Feminina

Resumo

Na última década, no Brasil, percebemos a reelaboração da noção do feminino. Que feminino seria esse? Trato aqui dos chamados Círculos de Mulheres, que se caracterizam por representarem lugares seguros para a partilha e o fortalecimento pessoal de mulheres que buscam de forma coletiva uma reconexão consigo mesmas e com as demais. Como esses espaços tem colaborado para construir marcadores sociais sobre o feminino? Quais invenções e a partir de quais lugares esse feminino tem sido redescoberto e reconstruído? Nesse trabalho, buscamos entender, a partir de uma perspectiva qualitativa, como se deu essa reelaboração, a partir das reuniões dos Círculos, em Fortaleza, em 2019. Tomamos os Círculos de Mulheres como um Novo Movimento Religioso (NMR), sendo um momento em que a própria ideia de religião é reconfigurada, onde é possível promover a junção de várias referências do sagrado, numa espiritualidade fluida. Concluímos, por meio de observação participante, que diferente do que pautou o movimento feminista construtivista, nos círculos, o feminino é tematizado a partir de uma realocação do feminino no espaço da natureza, entendida como sagrada. Tal movimento caracteriza uma reinvenção tanto da natureza quanto da própria noção de feminino. A natureza elaborada nos círculos é uma natureza representada como poderosa e geradora de vida; que se manifesta a partir de uma perspectiva de tempo cíclico, com movimentos de vida-morte-vida. A associação entre natureza e feminino se liga também à capacidade criativa/geradora e à ciclicidade.

Biografia do Autor

  • Raquel Guimaraes MESQUITA, Universidade Federal do Ceará

    Pesquisadora formada em Ciências Sociais (Bacharelado e Licenciatura),pela Universidade Federal do Ceará, com experiência nas áreas de Sociologia, Antropologia, Relações de Gênero, Literatura e Religião. Desde a monografia (2011), vem investigando questões ligadas ao feminino, construindo debates em torno da literatura de autoria feminina (sobretudo, em relação aos romances de Lygia Fagundes Telles), circulação e recepção de textos na Internet (no que toca à produção de Martha Medeiros), e por último, no doutorado, discutindo novas formas de espiritualidade a partir do que vem sendo chamado de Sagrado Feminino. Em paralelo à atuação acadêmica, também tem experiência na área educacional (educação museal, educação do campo, educação profissional e formação continuada) tanto na docência, como na tutoria, na gestão escolar, na produção de material didático e na orientação de trabalhos acadêmicos.

  • Antônio Cristian Saraiva PAIVA, Universidade Federal do Ceará (UFC)

    Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (1994), com formação psicanalítica. Doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (2004). Pós-Doutorado em Sociologie et Anthropologie, na Université de Strasbourg, France, sob supervisão de David le Breton, tendo também desenvolvido atividades na Université Paris-Diderot (Paris 7) e na École des Hautes Études en Sciences Sociales (2013-2014), contando com a concessão de Bolsa Estágio Sênior – CAPES. É pesquisador de Produtividade em Pesquisa (PQ 2-CNPq), Docente Associado 3 do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará, membro permanente do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFC e coordenador do Curso de Ciências Sociais da UFC (Bacharelado e Licenciatura Período Noturno). Professor do Mestrado Profissional de Sociologia em Rede Nacional (Profsocio). Coordenou o Doutorado Interinstitucional (DINTER) em Sociologia com a Universidade Federal do Amapá (2013-2017). Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia da Família, das Relações de Gênero e da Sexualidade; pesquisa sobre as temáticas: subjetividade e experiência social, relação saúde e sociedade e etnografia dos saberes psi (privilegiando o diálogo com a psicanálise), Michel Foucault, politicas sexuais contemporâneas, homossexualidade e homoconjugalidade. Atualmente pesquisa sobre temporalidade, memória e implicações subjetivas na doença de Alzheimer. Coordena o Núcleo de Pesquisas sobre Sexualidade, Gênero e Subjetividade (NUSS), laboratório vinculado à linha de Pesquisa: Diversidades culturais, estudos de gênero e processos identitários, do PPG em Sociologia da UFC. É lider do Grupo de Pesquisa Psicanálise & Ciências Sociais, cadastrado no DGP/CNPq.

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Publicado

2024-02-28

Edição

Seção

ARTIGO ACADÊMICO

Como Citar

OS CÍRCULOS DE MULHERES: REELABORANDO UM FEMININO NATURAL, SAGRADO E CÍCLICO. Revista Temporis[ação] (ISSN 2317-5516), [S. l.], v. 23, n. 02, p. 20, 2024. DOI: 10.31668/rta.v23i02.12315. Disponível em: //www.revista.ueg.br/index.php/temporisacao/article/view/12315.. Acesso em: 1 maio. 2025.

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