EU AGORA VOU DANÇAR PARA TODAS AS MOÇAS, PARA TODAS AS AYABÁS, PARA TODAS ELAS:
HISTÓRIAS DE MULHERES NEGRAS GAÚCHAS A PARTIR DA IMAGEM DE YEMANJÁ NO COLETIVO NEGRESSENCIA
DOI:
https://doi.org/10.31668/rta.v22i02.12272Palavras-chave:
Mulheres negras gaúchas, Yemanjá, Criação em Dança, Coletivo NegressenciaResumo
Este artigo segue por três caminhos: da figura de Yemanjá no Candomblé, de histórias de mulheres negras gaúchas e de criação artística. Perpassa por questões de orixalidade e arte a partir da análise do espetáculo “Negressencia: mulheres cujos filhos são peixes”, criado pelo Coletivo Negressencia em 2016. A dança adquire um duplo papel: de um lado, há uma demonstração dos ritos do Candomblé e, do outro, por meio das coreografias, conta a história das mulheres negras gaúchas. Desvelando minhas memórias como intérprete-criadora do espetáculo, esta escrita tem como objetivo tecer relações entre a imagem de Yemanjá com as noções de mulher negra que operam na sociedade gaúcha. Para tanto, a reflexão está ancorada nas memórias grafadas no corpo em diálogo com um referencial teórico, concluindo que a ação do Coletivo Negressencia faz parte de um movimento de desconstrução de estereótipos acerca da corporeidade de mulheres negras.
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