CULTURA POLÍTICA, DIREITOS HUMANOS E A VIOLÊNCIA CONTRA OS CAMPONESES DO PARÁ NAS NARRATIVAS DA COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE
Resumo
Neste artigo, pretendemos discutir questões relativas à cultura política e a cidadania no Brasil, destacando a contribuição das narrativas presentes no relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV) para os esclarecimentos das violências cometidas, especialmente contra os camponeses do território paraense, entre 1946-1988. Utilizando uma metodologia qualiquantitativa, que considera as estatísticas, sobre a violência no campo, e as subjetividades presentes nas narrativas dos familiares de camponeses, nosso objetivo é demonstrar a importância das legislações e da transparência dada pelos relatórios da Comissão Nacional da Verdade (CNV) e da Comissão Camponesa da Verdade (CCV) para o avanço dos direitos humanos no País nas chamadas “áreas opacas”, como aponta Milton Santos (2006), conceito que acreditamos ser útil para pensar o território paraense. Embasando-nos em Lynn Hunt (2009), também compactuamos com a ideia de que as declarações formais de direitos contribuíram para a existência dos direitos de fato, pois possibilitou que não somente as pessoas abastadas, mas também as camadas populares pudessem reivindicar seus direitos à cidadania, incluindo direito à memória.