RONKÓ DE ENSINANÇAS E OUTRAS VIADAGENS:

A TRAJETÓRIA PEDAGÓGICA AFRO-DIASPÓRICA BIXA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31668/rta.v22i02.13074

Palavras-chave:

Negro-gay, Padagogia Afro-Diaspórica-Bixa, Resistência, Axé, Padilhagem, Trajetória de Vida

Resumo

Este artigo recupera a trajetória de escolarização de um sujeito negro gay do Brasil Central. O filho mais novo de uma passadeira de roupas e de um ex-presidiário, já falecido, é quem fala. Aquele que fez da educação uma máquina de guerra em uma espacialidade guiada pelo ódio às corporeidades abjetas. Decifrar os lugares de fala cortados pela corporeidade negra-gay goianiense, fatiados não somente pela dor, mas também cravejados pela resistência de quem fez da educação o ouro que guarda a vida, é a forja desta escritura dourada preta-gay. Esses elementos são indispensáveis para compreensão de um enredo fundido pela pedagogia afro-diaspórica-bixa, marcada pela padilhagem.

Biografia do Autor

  • André Luiz de Souza FILGUEIRA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARA

    Preto gayaniense. A interdisciplinaridade exusíaca me cavalga. Graduado em História (habilitação: bacharelado e licenciatura) pela PUC-GO, Mestre em Ciências Sociais (área de concentração: estudos comparados sobre as Américas) pela UnB e Doutor em Literatura (área de concentração: literatura e práticas sociais) também pela UnB. Pós-Doutor em Ciências Humanas pelo Programa de Pós-Graduação em Territórios e Expressões Culturais no Cerrado, da UEG. Foi docente substituto na PUC Goiás (2012-2013), na Universidade Federal de Goiás (2015-2016) e na Rede Municipal de Ensino de Goiânia (2017-2018). Colaborou com outras instituições de ensino superior como o ITEG (2017), a FAJE (2017) e o CEAP (2012-2017). Desde julho de 2019 é Professor Adjunto de História da África e de História e Cultura Afro-Brasileira, na Licenciatura de História, na UFPA, no Campus Universitário do Tocantins/Cametá. É líder do Grupo de Estudos Jorge Laffond (Masculinidades e Sexualidades Afro-Diaspóricas) UFPA/CNPq. Integra a RHN (Rede de Historiadores/as Negros/as), a ABPN (Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as) e o NEAAD/UEG (Núcleo de Estudos Africanos e Afro-diaspóricos da Universidade Estadual de Goiás). Sou amante da história, com ênfase em história da África e história e cultura afro-brasileira. Na educação fiz morada a partir da formação de professores/as e das relações étnico-raciais. Transito devagarinho, ao som do ijexá, pelas veredas filosóficas africana e preto-diaspórica. Sigo pela estrada das ciências sociais, atento aos sinais do pensamento social africano, ori-entado pelo pensamento social afro-diaspórico, tatuado pelas etnografias do corpo, navalhado pelas masculinidades pretas e em gozo com as sexualidades marginais. Entro em transe com a literatura, atravesso as encruzilhadas das prosas negra e africana e descanso no desassossego das textualidades poéticas de tintas pretas.

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Publicado

2022-09-29

Edição

Seção

DOSSIÊ LGBTQIA+ NA EDUCAÇÃO

Como Citar

RONKÓ DE ENSINANÇAS E OUTRAS VIADAGENS:: A TRAJETÓRIA PEDAGÓGICA AFRO-DIASPÓRICA BIXA. Revista Temporis[ação] (ISSN 2317-5516), [S. l.], v. 22, n. 02, p. 30, 2022. DOI: 10.31668/rta.v22i02.13074. Disponível em: //www.revista.ueg.br/index.php/temporisacao/article/view/13074.. Acesso em: 27 jul. 2024.

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