CORPOS TRANSGRESSORES DO BINARISMO DE GÊNERO NO LUGAR ESCOLAR BRASILEIRO DO SÉCULO XXI

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31668/rta.v23i02.12448

Palavras-chave:

Lugar cotidiano, Corpo, Educação escolar, Binarismo de gênero, Violência LGBTfóbica

Resumo

A violência contra corpos de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros, Queers, Intersexuais, Assexuais e outras minorias sexuais e de gênero (LGBTQIA+) no Brasil é sistemática e generalizada, sendo uma realidade em grande parte dos espaços do lugar cotidiano destas pessoas. A escola de educação básica demonstra-se potencialmente opressiva no Brasil contra corpos de pessoas LGBTQIA+, por vezes reproduzindo as violências físicas, verbais e psicológicas que se apresentam na realidade do lugar escolar dentro das instituições de ensino. Nesta perspectiva, temos como objetivo neste ensaio discutir sobre as violências e violações de direitos dos corpos dissidentes da heterocisnormatividade no Brasil, com ênfase às violências no lugar cotidiano das escolas de educação básica. Buscamos tecer respostas à pergunta: como a violência estrutural com base em gênero e sexualidade no Brasil entre 2000 e 2020 influencia a produção e a vivência do lugar escolar? Para que possamos alcançar os objetivos desta pesquisa nos embasamos em referenciais teóricos da Geografia, como Massey (2008) e Lefebvre (2006), e dos campos da Educação e estudos de gênero, como Butler (2020) e Louro (2016, 2020), e, ainda, em dados sobre violência contra corpos LGBTQIA+ no Brasil. Apresentamos como conclusões que a violência LGBTfóbica que se apresenta cotidianamente na vida de corpos transgressores influencia a vivência no lugar escolar dos estudantes LGBTQIA+, privando-os do pleno acesso à vida escolar e do aprendizado.

Biografia do Autor

  • Eduardo Cesar da COSTA, Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)

    Licenciado em Geografia na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Campus Chapecó. Atualmente é professor da rede pública municipal de ensino de Chapecó - SC; mestrando no Programa de Pós-graduação em Geografia (PPGGeo/UFFS) na linha de pesquisa 'Produção do espaço e dinâmicas naturais' e especializando em Metodologia do Ensino de Geografia (FATESP). Também é membro do Grupo de Pesquisa Espaço Tempo e Educação (GPETE), do Grupo de Pesquisa em Geografia e Gênero, Natureza e Vida Cotidiana (GENVI) , do Grupo de Estudos Lugar (UFFS) e do Grupo de Estudos em Gênero e Educação (GEGEDUC). Possui como principais áreas de interesse Geografia da sexualidade e gênero, ensino de Geografia, cartografia temática e políticas educacionais.

  • Alexandre Paulo LORO, UFFS

    Pós-Doutor pela Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), com estágio Sanduíche no Departamento de Educação Física e Esportes da Universidade de Valência - Espanha (com bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES). Doutor em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), com Estágio Sanduíche no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES/UC) - Portugal. Mestre em Educação pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Especialista em Gestão Educacional (UFSM). Licenciatura Plena em Educação Física (UFSM). Atuou como docente e coordenador de Curso na UFMS e UFGD. Professor Associado na Universidade Federal da Fronteira Sul; Professor Credenciado como Membro Permanente do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas (PPGICH/UFFS), Curso de Mestrado. Avaliador do PNLD 2019 na área de Educação Física. Coordenador Adjunto no PNLD 2023 - Objeto 4 - Categoria 2 - Educação Física. Membro do Banco de Avaliadores do Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior - BASis/INEP/MEC desde 2018 na área de Educação Física. Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas Interdisciplinar em Ciências Humanas e Interculturalidade (GEPECI/UFFS). Docente Orientador no Programa CAPES/EDITAL RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA 24/2022 - Curso de Pedagogia - UFFS - Campus Chapecó. Produções: Artigos publicados (43); Livros e capítulos (23); Trabalhos publicados em anais de eventos (70). Tem experiência na área da Educação, com ênfase em Educação Física Escolar. Atua nos seguintes temas: formação docente; interdisciplinaridade; lazer; livro didático; corpo e jogos/brincadeiras.

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Publicado

2023-11-29

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Como Citar

CORPOS TRANSGRESSORES DO BINARISMO DE GÊNERO NO LUGAR ESCOLAR BRASILEIRO DO SÉCULO XXI. Revista Temporis[ação] (ISSN 2317-5516), [S. l.], v. 23, n. 01, p. 22, 2023. DOI: 10.31668/rta.v23i02.12448. Disponível em: //www.revista.ueg.br/index.php/temporisacao/article/view/12448.. Acesso em: 2 maio. 2025.