NEOPENTECOSTALISMO, GÊNERO, RAÇA E CLASSE

A QUESTÃO DO ABORTO COMO ESTUDO DE CASO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31668/rta.v23i01.12319

Palavras-chave:

Neopentecostalismo, Raça, Gênero, Criminalização do aborto, conservadorismo

Resumo

O aborto se apresenta como tema central de aglutinação política de setores conservadores da sociedade brasileira, sobretudo a partir da redemocratização do país, quando pôde ser pautado no debate público por diferentes movimentos sociais, denominações religiosas e instituições. Nesse contexto, o exponencial crescimento do neopentecostalismo toma a dianteira na defesa da criminalização do aborto, política e socialmente. Nosso objetivo é demonstrar como é construído esse discurso neopentecostal, perpassando por questões de gênero, raça e classe, a partir de uma dialética entre o empoderamento progressista e a subserviência feminina no espaço religioso.

Biografia do Autor

  • Gabriel Melo MIZRAHI, PUC-Rio

    Graduado em Ciência Econômicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e mestre em História econômica pela mesma universidade. Hoje é doutorando no Instituto de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Integra o Núcleo Interdisciplinar de Estudos Judaicos do Rio de Janeiro, vinculado à UFRJ, e é coordenador do Laboratório Instituto Brasil-Israel "IBI no Campus".

  • Bianca Pereira BASTOS, PUC-Rio

    Doutoranda e Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em História Social da Cultura da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), na linha de pesquisa de Experiências e Conexões Culturais. É licenciada e bacharel em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Desde 2016 está vinculada como pesquisadora ao Núcleo Interdisciplinar de Estudos Judaicos no Instituto de História da UFRJ. Coordenadora do laboratório Novas Formas de Antissemitismo "IBI no Campus", do Instituto Brasil-Israel. Integra o Laboratório de Estudos em Ensino de História e Patrimônio Cultural da PUC-RIO e o Laboratório de Estudos Africanos (LEÁFRICA) da UFRJ, no projeto Histórias Africanas da Pequena África Carioca.

  • Flávia Pereira MARTINS, PUC-Rio

    Mestranda em História Social da Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Graduada (licenciatura e bacharelado) em História pela mesma instituição com domínios adicionais em Estudos Latino-Americanos e Afro-Brasileiros. Atualmente, além de ser pesquisadora do Spheres of Citizenship in Rio de Janeiro and Berlin: Rights, Frontiers, Agencies, cooperação entre PUC-Rio e Freie Universität Berlin, é integrante do Grupo de Estudos e Pesquisa em História Social e Ditaduras da PUC-Rio e UFRRJ e do Laboratório de Pesquisa em Conexões Atlânticas do Departamento de História da PUC-Rio. Seus estudos têm ênfase nas seguintes áreas: Ditaduras Militares no Conesul, Direitos Humanos, Relações de gênero, Educação museal e Patrimônio.

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Publicado

2023-11-24

Edição

Seção

DOSSIÊ SEXUALIDADES NO SAGRADO Parte 2

Como Citar

NEOPENTECOSTALISMO, GÊNERO, RAÇA E CLASSE: A QUESTÃO DO ABORTO COMO ESTUDO DE CASO. Revista Temporis[ação] (ISSN 2317-5516), [S. l.], v. 23, n. 01, p. 23, 2023. DOI: 10.31668/rta.v23i01.12319. Disponível em: //www.revista.ueg.br/index.php/temporisacao/article/view/12319.. Acesso em: 2 maio. 2025.