ANÁLISE DA TEOLOGIA DOS DIREITOS HUMANOS DA IGREJA DA COMUNIDADE METROPOLITANA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31668/rta.v22i02.12186

Palavras-chave:

Direitos Humanos, Igreja Inclusiva, LGBTQIA

Resumo

Tradicionalmente, a teologia cristã evangélica se apresenta como restritiva quanto às identidades sexuais, se baseando em um molde heterocisnormativo[1] das relações. Contudo, igrejas cristãs inclusivas se apresentam com uma releitura teológica influenciada pelos movimentos de luta por direitos civis LGBTQIA+[2]. Esse trabalho tem por objetivo analisar a abordagem teológica de uma delas, a Igreja da Comunidade Metropolitana de São Paulo (ICM-SP). Para isso foi realizada observação participante, com a transcrição da fala de membros da denominação, às quais foram analisadas a partir do arcabouço da Teoria Crítica, mais especificamente, a gramática moral habermasiana e a teoria da Luta por Reconhecimento Social de Honneth.  Primeiramente se situará a denominação dentro da problemática de gênero e sexualidade na religião cristã, posteriormente será realizada a análise da teologia da denominação através dos discursos de seus membros, e então uma análise comparativa entre sua teologia e o histórico dos movimentos por direitos a partir dos anos 70. Como resultado foi possível reconstruir as bases teológicas da denominação influenciada pelos movimentos de lutas por direitos e encontrar nelas a base fundamental dos direitos humanos: a valorização do indivíduo.

 

[1] Ao se falar de heterocisnormatividade, se apresenta que a norma existente na sociedade leva à compulsão da heterossexualidade para a vivência da sexualidade, assim como da identidade cis, ou seja, da compatibilidade entre identidade de gênero e sexo biológico de nascimento; discriminando contra aqueles que não se adéquam a esse padrão (JESUS, 2012; SIMAKAWA, 2015).

[2] A sigla se refere aos termos Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Transgêneros, Queers, Intersexuais, Assexuais, sendo o “+” referente à todas as outras formas de manifestação de identidade de gênero e orientações sexuais não contempladas pela sigla, acenando assim para o entendimento de que são questões fluídas, mutáveis, plurais e complexas, não sendo possível a condensação de todas as variações em uma única sigla.

Biografia do Autor

  • Evanway Sellberg SOARES, Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (UNESP)

    Doutorando pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2013), mestrado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2019), especialização em Gestão Escolar pela FACESPI e MBA em Investimentos e Private Banking pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais. Foi pesquisador da Empresa Jr. de Ciências Sociais FATO, Bolsista de Iniciação Científica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, fez parte do grupo de estudos em Teoria Crítica coordenado pelo Prof. Dr. Sinésio Ferraz Bueno (UNESP), e do Grupo de Pesquisa em Segurança e Políticas Públicas coordenado pelo Prof. Dr. Luis Antonio Francisco de Souza (UNESP). Atualmente é professor no Colégio Objetivo. Foi professor coordenador da Faculdade Campos Giglio e no Colégio Cruz Azul. Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia da Religião, Teoria Crítica e Laicidade, atuando principalmente nos seguintes temas: religião e Estado, religião e espaço público, minorias religiosas, religião e sexualidade, religião e modernidade, Teoria do Reconhecimento Social e Direitos Humanos.

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Publicado

2022-11-21

Edição

Seção

DOSSIÊ SEXUALIDADES NO SAGRADO Parte 1

Como Citar

ANÁLISE DA TEOLOGIA DOS DIREITOS HUMANOS DA IGREJA DA COMUNIDADE METROPOLITANA. Revista Temporis[ação] (ISSN 2317-5516), [S. l.], v. 22, n. 02, p. 18, 2022. DOI: 10.31668/rta.v22i02.12186. Disponível em: //www.revista.ueg.br/index.php/temporisacao/article/view/12186.. Acesso em: 6 maio. 2025.