O CANTO DO MARABAIXO
ELEMENTO DE RESISTÊNCIA DE ORALIDADE AFRICANA E APROPRIAÇÃO IDENTITÁRIA CULTURAL NO AMAPÁ
Resumo
Este texto foi produzido com base em pesquisa sobre as narrativas presentes na composição poética dos ladrões de Marabaixo, sob a concepção dos marabaixeiros que produzem essas canções e aborda sobre as pretensões e as motivações desse gênero musical. O objetivo deste trabalho é identificar os elementos pertencentes à identidade cultural do Marabaixo, a partir das tradições orais que estão inseridas na manifestação por meio de ladrões – nome dado aos versos que compõem as cantigas desse ritmo musical. A importância desse enfoque é promover uma relação mais próxima com as premissas antropológicas das canções, permitindo que sejam descritos tanto para o conhecimento acadêmico, quanto para a valorização da manifestação do Marabaixo. A pesquisa foi fundamentada na teoria de Luiz Gonzaga Motta (2013), no contexto das análises das narrativas, a qual compreende que elas passam por um processo interpretativo por meio da construção de sentidos; como aporte histórico, Pereira (1989) e Canto (1998) puderam colaborar no intuito de compreender o Marabaixo através dos primeiros registros históricos; Hampâté Bâ (2010) e Ferreira Netto (2008) fundamentaram a questão da oralidade e da memória atreladas às narrativas orais. Neste texto, foram destacadas as comunidades mais remotas, representadas por alguns cantadores descendentes diretos dos primeiros compositores de Marabaixo. Tais cantadores, que também são compositores, subsidiaram este trabalho por meio de entrevistas que comprovam a relevância das composições e como as narrativas envoltas na manifestação são constituídas de tradição oral. A análise de tais narrativas considerou os contextos sociais, históricos e culturais, que revelou o processo de resistência imbuído simbolicamente nas comunidades.
