“NÃO QUEREMOS QUE FALEM POR NÓS”:
CONSTRUÇÃO CURRICULAR E LUTA POR DIREITOS NO TERRITÓRIO MÃE MARIA
Palavras-chave:
Escola, Interculturalidade, Direitos Indígenas e Indigenistas, DiversidadeResumo
O artigo discute como os povos Jê Timbira Akrãtikatêjê, Kyikatêjê e Parkatêjê, conhecidos na literatura como Gavião do Pará, que vivem hoje na Terra Indígena Mãe Maria, em Bom Jesus do Tocantins, Sudeste paraense, unificam esforços e realizam alianças para refletir o papel da escola e construir o Currículo e a Matriz Curricular Intercultural da Educação Básica das 16 escolas existentes hoje nas aldeias. Removidos compulsoriamente pelo Estado brasileiro das áreas de ocupação tradicional e tendo seu território reduzido, delimitado e impactado por empreendimentos econômicos como a Rodovia BR 222, a Linha de Transmissão de Energia da Eletronorte e a Estrada de Ferro Carajás da Empresa VALE, compreendem a escola como instituição estratégica e aliada na formação de novas lideranças políticas, no fortalecimento linguístico e cultural, no diálogo intercultural com outros conhecimentos necessários para a apropriação da legislação indigenista com o objetivo de proteger o território e fazer valer direitos historicamente negados. Problematiza-se como a educação própria pode ser a base da educação escolar no fortalecimento da identidade étnica, no respeito à cultura e aos conhecimentos tradicionais para a formação requerida que reflita o projeto societário de cada povo.
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