QUADRINHIZANDO DESDE AS MARGENS: ALTERNATIVA À POLÍTICA DE ASSIMILAÇÃO ACADÊMICA E À TOLERÂNCIA MERCADOLÓGICA
Palavras-chave:
Histórias em Quadrinhos, Literatura, Epistemologia, Nova Marvel,Resumo
A partir da experiência de pesquisa acadêmica, de consumo e de produção independente de quadrinhos, procuro analisar a inserção de quadrinhos estadunidenses mainstream (comics) nos estudos literários, bem como a inserção de minorias nos comics na proposta de "inclusão da diversidade" protagonizando a chamada Nova Marvel. Focando a abscência dos quadrinhos de superaventura nas bibliografias, examinarei as premissas epistemológicas da literatura que sustentam a emblemática escolha de narrativas gráficas ignorando tanto sua linguagem específica quanto seu pertencimento à categoria de arte sequencial. Assim como a academia, o mercado de quadrinhos não é um lugar neutro, mas, apesar de seu lugar desprestigiado (cultura de massa) tem uma concentração de poder e unicidade de visão de mundo proporcional à primeira. Se partirmos da reflexão de Grada Kilomba (2010) sobre "quem pode falar" e por que, perceberemos que os comics têm sido desconsiderados dos programas de curso acadêmicos assim como a mídia de massa nega a presença de minorias, em especial, negros, mulheres e mulheres Negras. Desse modo, tecemos uma relação sobre a "assimilação estética" das narrativas gráficas e "representação da diversidade" da Totalmente Marvel (All different Marvel) como reflexos de uma mesma estratégia de negociação da mudança, objetivando a manutenção do status quo.