O FANTÁSTICO EM MON COEUR À L’ÉTROIT, DE MARIE NDIAYE OU A IDENTIDADE QUE VACILA SOB UMA NEBLINA BRANCA
Palavras-chave:
Marie NDiaye, fantástico, alteridade, estranho, psicanálise.Resumo
RESUMO:
A fim de problematizar oposições intransponíveis entre o real e o fictício, estranho e familiar, natural e sobrenatural, verossímil e inverossímil, buscarei pensar as estratégias narrativas empregadas pela escritora francesa Marie NDiaye no romance fantástico Mon coeur à l’étroit, para subverter os modelos da literatura real-naturalista. Trata-se de mostrar, a partir de algumas reflexões sobre a literatura fantástica e de uma abordagem freudiana do “estranho”, como o romance resiste à transparência (do “eu” social) visando à parte mais rebelde do sujeito interno (o “eu” íntimo), seus fantasmas, delírios e recalques. Procurarei analisar como a construção ou a desintegração da realidade – que vão do anuviamento interior às inusitadas manifestações do insólito no mundo exterior – afetariam a busca identitária e a expressão da alteridade da narradora, sinalizando para uma impossibilidade de realização plena no mundo real.