RUY BELO, CORPO LACUNAR
Palavras-chave:
Poesia, paisagem, subjetividade, corpo, Ruy BeloResumo
A passagem do tempo é uma das linhas de força da poética de Ruy Belo. A visibilidade manifesta dos corpos humanos, além de configurar um espaço de crítica e denúncia da exploração econômica, social e política, evidencia o processo do envelhecimento, que é observado também na paisagem. Apoiando-se nas teorias de Michel Collot, Maurice Merleau-Ponty e Paul Ricoeur, este artigo pretende demonstrar que o sujeito poético beliano forma, com o mundo e com a linguagem, uma carne única, embora lacunar. Percorrendo-se a edição organizada pela Assírio & Alvim, que reúne os nove livros publicados por Ruy Belo e outros poemas dispersos, verifica-se a tensão entre cisão e pertencimento do sujeito à paisagem, e observa-se como as relações com a linguagem e o mundo envolvem um compromisso ético do poeta português – consigo mesmo, com o escrever e com o outro.