O FOGO KALUNGA: USOS TRADICIONAIS, A PRESENÇA DO PREVFOGO/IBAMA E CONFLITOS TERRITORIAIS

Autores

  • Nádia Malena Moda UFMG
  • Klemens Augustinus Laschefski
  • Eguimar Felício Chaveiro

Palavras-chave:

Usos do Fogo; Territorialidades do Fogo; Conflitos Territoriais.

Resumo

O fogo é um distúrbio que acontece na Terra, seleciona espécies, intercede ambientes e paisagens. Ele não acontece em todos os lugares do mundo, mas onde ele ocorre as pessoas que ali viviam, e vivem, aprenderam a usar o fogo. Assim, ao longo do tempo, passou a ser técnica fundamental para manutenção da vida, constituindo territórios e territorialidades. A partir de outras visões da natureza e políticas ambientais externas, o fogo e seus manejadores passaram a ser criminalizados, sendo motivo de disputa e fonte de conflitos territoriais. O presente trabalho traz os principais resultados da pesquisa de mestrado que investigou as relações do Kalunga com o território a partir do manejo do fogo, onde foi documentada suas percepções acerca das leis ambientais e presença do Prevfogo/IBAMA em seus territórios. 

Referências

BARRADAS, A. C. S. A gestão do fogo na Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins, Brasil. 2017. Dissertação (Mestrado em Biodiversidade em Unidades de Conservação) Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017.

BARRADAS et al. Paradigmas da Gestão do Fogo em Áreas Protegidas no Mundo e o caso da Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins. In: Biodiversidade Brasileira, v. 10, n. 2, p. 71-86, 2020.

BILBAO et al.. Indigenous use of fire and forest loss in Canaima National Park, Venezuela. Assessment of and tools for alternative strategies of fire management in Pemón indigenous lands. In: Human Ecology, v. 38. n. 5, p. 663-673, 2010.

BOND, W. J., & ARCHIBALD, S. Confronting complexity: fire policy choices in South African savanna parks. In: International Journal of Wildland Fire, v. 12, n. 4, p. 381-389, 2003.

BOWMAN et al. The human dimension of fire regimes on Earth. In: Journal of Biogeography. v. 38, n. 12, p. 2223-2236, 2011.

____________. Pyrodiversity is the coupling of biodiversity and fire regimes in food webs. In: Phil. Trans. R. Soc. B, v. 371, n. 1696, 20150169, 2016.

BRASIL. Lei 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa [...]. Diário Oficial da União, Brasília, DF. 2012. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm. Acesso em: 27/07/25.

_______. Lei 14.944. Institui a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo. Diário Oficial da União, Brasília, DF. 2024. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2024/lei/L14944.htm. Acesso em: 27/07/25.

CHAVEIRO, E. F.; BARREIRA, C. C. M. A. Cartografia de um pensamento de Cerrado. In: Pelá; M. CASTILHO, D. (orgs.). Cerrados: perspectivas e olhares. Goiânia : Editora Vieira, 2010.

CLAVAL, P. Etnogeografias – Conclusão. In: Espaço e Cultura, n. 7, pp. 69-74, jan/jun. 1999.

COELHO, R. R.; SANTOS, V. C.; FILHO, P. P. A relação entre os festejos e os ciclos produtivos na Comunidade Quilombola Kalunga em Goiás. In: II Encontro de Pesquisadores sobre os Quilombolas Kalunga, Políticas Sociais e Pesquisa no Território Kalunga, 2015, Goiânia. Anais... Goiânia: UFG/IESA, 2015. [Recurso Eletrônico] Disponível em: https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/214/o/ANAIS_-_VERS%C3%83O_FINAL_-_II_ENCONTRO_-_arte_(2).pdf . Acesso em: 29/07/25

COORDENADORIA DE INCLUSÃO E MOBILIZAÇÃO SOCIAIS (CIMOS) - MINISTÉRIO PÚBLICO DE MINAS GERAIS (MPMG). Direitos dos Povos e Comunidades Tradicionais. Belo Horizonte, s.d. [Recurso eletrônico] Disponível em https://conflitosambientaismg.lcc.ufmg.br/wp-content/uploads/2014/04/Cartilha-Povos-tradicionais.pdf. Acesso em: 29/07/25

DIEGUES, A. C. S. O mito moderno da natureza intocada. 3a ed. – São Paulo: Hucitec, 2001.

FIDELIS, A.; PIVELLO, V. R. Deve-se Usar o Fogo como Instrumento de Manejo no Cerrado e Campos Sulinos? In: Biodiversidade Brasileira, ano I, n. 2, p. 12-25, 2011.

GERAQUE, E. O Cerrado em seu momento mais difícil. 2023. Disponível em: https://jornal.unesp.br/2023/10/26/o-cerrado-em-seu-momento-mais-dificil/#:~:text=Apontado%20como%20o%20bioma%20mais,implique%20qualquer%20preju%C3%ADzo%20%C3%A0%20conserva%C3%A7%C3%A3o Acesso em: 29/07/25.

FLORES et al. Tropical riparian forests in danger from large savanna wildfires. In: Journal of Applied Ecology, v. 58, p. 419–430, 2021.

HOFMANN et al. Changes in atmospheric circulation and evapotranspiration are reducing rainfall in the Brazilian Cerrado. In: Scientific Reports, v. 13, n. 11236, 2023.

HOLZER, W. Uma discussão fenomenológica sobre os conceitos de paisagem e lugar, território e meio ambiente. In: Revista TERRITÓRIO, ano 11, n 3, jul./dez. 1997.

HOLZER, W. A Geografia Humanista: sua trajetória 1950-1990. Londrina: Eduel, 2016. 392p.

LASCHEFSKI, K. A.; DUTRA, C.; DOULA, S. M. A legislação ambiental como foco de conflitos: uma análise a partir das representações sociais da natureza dos pequenos agricultores em Minas Gerais, Brasil. In: Soc. & Nat., ano 24, n. 3, p. 405-418, set/dez. 2012.

LIMA, L. N. M. Encontros e distanciamentos entre a religiosidade Kalunga e o catolicismo oficial: um olhar para as singularidades do lugar na festa de Nossa Senhora Aparecida. In: II Encontro de Pesquisadores sobre os Quilombolas Kalunga, Políticas Sociais e Pesquisa no Território Kalunga, 2015, Goiânia. Anais… [Recurso Eletrônico]. Goiânia: UFG/IESA, 2015.

MARANDOLA JR, E; HOGAN, D. J. Vulnerabilidade do lugar vs. vulnerabilidade sociodemográfica: implicações metodológicas de uma velha questão. In: Revista Brasileira de Estudos Populacionais, Rio de Janeiro, v. 26, n. 2, p.161-181, jul. 2009.

MARTIN, R. E.; SAPSIS, D. B. Fires as agents of biodiversity: pyrodiversity promotes biodiversity. In: Proceedings of the conference on biodiversity of northwest California ecosystems. Cooperative Extension, University of California, Berkeley, 1992.

MINAYO, M. C. S. Trabalho de campo: contexto de observação, interação e descoberta. In: MINAYO, M. C. S. Pesquisa Social: Teoria, método e criatividade. Petrópolis: Editora Vozes, 2007, p. 61-77.

MISTRY et al. Indigenous fire management in the cerrado of Brazil: the case of the Krahô of Tocantins. In: Human ecology, v. 33. n. 3, p. 365-386, 2005.

MISTRY, J.; BILBAO, B. BERARDI, A. Soluções próprias da comunidade para o manejo do fogo nos ecossistemas de floresta tropical e savana: estudos de caso de comunidades indígenas da América do Sul. [s.d]

MYERS, R. L. Convivendo com o Fogo - Manutenção dos Ecossistemas e Subsistência com o Manejo Integrado do Fogo. In: The Nature Conservancy, 2006.

PAUSAS, J. G.; KEELEY, J. E. A burning story: the role of fire in the history of life. In: BioScience, v. 59, n. 7, p. 593-601, 2009.

PORTO-GONÇALVES, C. W. Descolonizar o pensamento, condição para a sustentabilidade: diálogo com o Carlos Walter Porto-Gonçalves. [Entrevista cedida a] Mônica Nogueira. Sustentabilidade em Debate, Brasília, v. 5, n. 3, p. 159-168, setembro à dezembro, 2014.

PYNE, S. J. Pyromancy: Reading Stories in the Flames. In: Conservation Biology, v. 18, n. 4, p 874–877, 2004.

PYNE, S. J. The human geography of fire: a research agenda. In: Progress in Human Geography, v. 33, n. 4, p. 443–446, 2009.

SAMPAIO, A. B.; K. D. HOLL; A. SCARIOT. Does Restoration Enhance Regeneration of Seasonal Deciduous Forests in Pastures in Central Brazil? In: Restoration Ecology, v. 15, p. 462– 471, 2007b.

SANTOS, M. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4ª edição. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2020.

VIEIRA, D. L. M. et al. Tropical dry-forest regeneration from root suckers in Central Brazil. In: Jornal of Tropical Ecology, v. 22, p. 353–357, 2006.

SCOTT, A. GLASPOOL, I. The diversification of Paleozoic fire systems and fluctuations in atmospheric oxygen concentration. Proceedings of the National Academy of Sciences, vol. 103, n. 29, p. 10861–10865, 2006.

Downloads

Publicado

2025-10-02

Edição

Seção

ARTIGO ACADÊMICO

Como Citar

O FOGO KALUNGA: USOS TRADICIONAIS, A PRESENÇA DO PREVFOGO/IBAMA E CONFLITOS TERRITORIAIS. Revista Temporis[ação] (ISSN 2317-5516), [S. l.], v. 25, n. 02, p. 01–30, 2025. Disponível em: https://www.revista.ueg.br/index.php/temporisacao/article/view/16990. Acesso em: 3 nov. 2025.