PROCESSO CIVILIZADOR NAS MINAS OITOCENTISTAS

DESVELANDO ALGUNS SENTIDOS...

Autores

DOI:

https://doi.org/10.31668/rta.v1i7.15096

Resumo

Este artigo objetiva analisar a construção das diferenças de gênero na sociedade mineira oitocentista, considerando-se particularmente a conduta "civilizada" e seu respectivo código, veiculados no compêndio de civilidade - Manual do Bom-Tom -, e no ensino dessa disciplina pelos colégios religiosos femininos daquela época. Observa-se que "ser civilizado" encontrava-se generizado porquanto significava pautar o comportamento social - individual e coletivamente - segundo padrões sexualmente diferenciados. Diferenciados, porque as representações de civilizado/civilidade que referenciam tal código constituem matrizes e efeitos de práticas sociais masculinizantes e feminizantes.

Biografia do Autor

  • Diva do Couto Gontijo MUNIZ

    Possui graduação em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (1970), especialização em Filosofia e História da Arte no Brasil pela PUC/RJ (1981), mestrado em História pela Universidade de Brasília (1984) e doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo (1998). Professora Colaboradora Plena do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Brasília, onde atua nas seguintes áreas: História e Historiografia do Brasil Imperial, Historiografia, História e Historiografia das Mulheres, Estudos de Gênero e Ensino de História. Integra o corpo docente da pós-graduação em História nas áreas de concentração Sociedade, cultura e política e História Social nas linhas de pesquisa "Sociedade, Instituições e Poder" e "Cultura, política e identidades". Orienta dissertações de mestrado e teses de doutorado, centradas nos seguintes eixos temáticos: historiografia, mulheres, gênero, cultura política, experiências, representações sociais, poder e identidades. Tem publicado livros, capítulos de livros e artigos em revistas especializadas em torno de tais eixos, dentre eles "Um toque de gênero: história e educação em Minas Gerais (1834-1892)", pela EdUnB, em 2003; "Nação, civilização e história: leituras sertanejas", pela PUC/Goiás, 2011 (co-organizadora); "Tempos de Civilização e outros tempos", pela EDUFU, 2016 (co-organizadora); e o dossiê "Gênero, feminismos e relações de poder", publicado pela revista Territórios e Fronteiras (UFMT), 2017 (co-organizadora).

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Publicado

2024-05-29

Edição

Seção

ARTIGO ACADÊMICO

Como Citar

PROCESSO CIVILIZADOR NAS MINAS OITOCENTISTAS: DESVELANDO ALGUNS SENTIDOS... Revista Temporis[ação] (ISSN 2317-5516), [S. l.], v. 1, n. 7, p. 197–220, 2024. DOI: 10.31668/rta.v1i7.15096. Disponível em: //www.revista.ueg.br/index.php/temporisacao/article/view/15096.. Acesso em: 2 maio. 2025.