PERFORMANCE NEGRA E ARTIVISMOS:

UMA ABORDAGEM AMEFRICANA E INTERSECCIONAL

Autores

  • Rafaela Francisco de JESUS UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
  • Renata Lima KABILAEWATALA Universidade Federal de Goiás (UFG)

Palavras-chave:

Arte negra, Política, Feminismo negro

Resumo

Este artigo pretende apresentar reflexões e questionamentos preliminares a respeito da relação entre arte e ativismo, que tem sido expressa pelo termo artivismo. Deste modo, iremos abordar algumas das definições que foram apresentadas até o momento para o conceito de artivismo, ainda em construção, e questionar a possibilidade do uso desse termo para caracterizar manifestações artístico políticas performadas por pessoas negras na América Latina. Nota-se que é necessário inserir no âmbito da discussão sobre artivismo questões importantes para o entendimento da construção estética desses espaços artístico políticos, a exemplo das relações de poder que atravessam as desigualdades de raça, gênero e classe. Para tanto propomos a ampliação da perspectiva do artivismo por meio dos conceitos de Amefricanidade (Gonzalez, 1988) e Interseccionalidade (Crenshaw, 2002). Para assim conseguirmos abarcar as manifestações artístico-políticas da América negra, levando em consideração o racismo estrutural em todo processo de construção política e estética.

Biografia do Autor

  • Rafaela Francisco de JESUS, UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

    Doutoranda no Programa de Pós-graduação em Performances Culturais da Universidade Federal de Goiás (UFG), Mestrado na mesma Instituição e programa (2020) com o projeto "A Performance Negra de Victoria Santa Cruz e suas Reverberações na Construção de Escrevivências e Feminismos Negros". Especialista em História e Cultura das Africanidades Brasileiras (2019) pela Universidade Estadual de Goiás (UEG). Licenciada em Dança pela Universidade Federal de Goiás (2016). Integrante do NuPICC 22 - Núcleo de Pesquisa e Investigação Cênica Coletivo 22 e do Coletivo Rosa Parks: Estudos e Pesquisas sobre Raça, Etnia, Gênero, Sexualidade e Interseccionalidades. Integra o Grupo de Dança Diversus, foi Professora Substituta de Artes no Instituto Federal da Bahia, Campus Ilhéus (2021-2022). Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Dança, atuando principalmente nos temas relacionados a dança, performance negra, cultura afro-brasileira e Dança-ação de histórias. Ganhadora do edital bolsa de formação em artes 02/2018 do Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás, com o projeto Aperfeiçoamento Artístico em Dança Inclusiva com o Grupo Dançando com a Diferença, sediado em Portugal e do Prêmio Funarte Respirarte (2020) com o videodança Instantes.

  • Renata Lima KABILAEWATALA, Universidade Federal de Goiás (UFG)

    Professora na Universidade Federal de Goiás, onde atua no curso de Dança e nos Programas de Pós-graduação em Performances Culturais e, também, Artes da Cena. É membro fundadora do Núcleo de Pesquisa e Investigações Cênica Coletivo 22 (NuPICC). Doutora pelo Programa de Pós-graduação em Artes da Unicamp, com projeto "Corpo Limiar e Encruzilhadas: Capoeira Angola e Sambas de Umbigada no processo de criação em Dança Brasileira Contemporânea". Realizou o Doutorado Sanduíche (Capes), na Faculdade de Motricidade Humana em Lisboa (Portugal). Também na Unicamp, defendeu a dissertação de mestrado "Mandinga da Rua: a construção do corpo cênico em dança brasileira contemporânea" (2004). Mesma universidade em que em 2001, concluiu a graduação em Dança (bacharelado e licenciatura). É capoeirista do Centro de Capoeira Angola Angoleiro Sim Sinhô e diretora artística do Núcleo Coletivo 22. Em 2022 esteve a frente da Diretora de Culturas e Artes da UFG da Pró-reitoria de Extensão e Cultura, onde atualmente presta assessoria. Em 2023 credenciou-se como professora colaboradora do Programa de Pós-graduação em Artes Cênica da UnB.

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Publicado

2024-11-25

Edição

Seção

ARTIGO ACADÊMICO

Como Citar

PERFORMANCE NEGRA E ARTIVISMOS:: UMA ABORDAGEM AMEFRICANA E INTERSECCIONAL. Revista Temporis[ação] (ISSN 2317-5516), [S. l.], v. 24, n. 02, p. 01–19, 2024. Disponível em: //www.revista.ueg.br/index.php/temporisacao/article/view/12691.. Acesso em: 1 maio. 2025.