A semiótica dos corpos na literatura goiana: o corpo negro de Leodegária de Jesus
Resumo
A narrativa histórica de um povo é enredada conforme os recursos e os propósitos dos autores. A seleção dos fatos e das personagens principais e secundárias decorre de decisões políticas e evidencia os valores da época. O que não é contado e quem não participa da narrativa revelam fatos mais importantes do que o que está narrado. Os corpos e os espaços negligenciados e as razões históricas, socioculturais e ideológicas pelas quais são negligenciados são os mesmos. Por isso, é fundamental expor as razões históricas para desnaturalizar as práticas negligenciadoras. Atualmente, o ciberespaço e a cibercultura têm se tornado aliados poderosos no desvelamento dos corpos subalternizados, invisibilizados ou visibilizados de forma reconfigurada. Neste trabalho, problematizamos a reconfiguração corporal-identitária de Leodegária de Jesus nos estudos sobre sua obra na literatura goiana, por meio da decolonização da estética, inspirada na estética ét(n)ica, de Henrique Freitas (2015). Defendemos que as encruzilhadas teóricas e culturais (FREITAS, 2015) se apresentam como sustentadoras e como forma de reconhecimento das corporificações apagadas, umas, visibilizadas outras, propositalmente. Para tanto, problematizamos o papel da reconfiguração corporal de Leodegária de Jesus, considerando os fatores intersemióticos que levaram à sua preterição como protagonista da literatura goiana.