DISCIPLINA, GESTÃO E SUBORDINAÇÃO NO TRABALHO
Resumo
As políticas de recursos humanos contemporâneas, tomadas aqui enquanto instrumentos de adequação e comprometimento da força de trabalho com os objetivos estratégicos das empresas e, portanto, como elementos essenciais na consecução da acumulação de capitais, expressam de modo significativo as novas determinações do processo de disciplinamento e controle sobre o trabalho. A instauração de práticas gerenciais contemporâneas ocorre, no entanto, tendo em vista a combinação de dimensões estritamente materiais com dimensões simbólicas. O trabalhador deve exercer a atividade laboral tendo em vista a combinação de diversos elementos organizacionais tanto de origem formal quanto de ordem informal (resolução de problemas levando em consideração a prática de ações que não estão prescritas em manual ou regulamentos e que dependem da criatividade do trabalhador. A manipulação do inconsciente, expresso nas tentativas de envolver o trabalhador com a lógica da empresa, pode ser confirmada no modelo de gestão de desempenho profissional por competências da empresa estatal-bancária pesquisada. A utilização de recursos científicos e de técnicas de grupo assume proporções consideráveis e demonstra, cada vez mais, a importância atribuída pelas instituições capitalistas ao gerenciamento do comportamento do trabalhador, associado à lucratividade e a produtividade. Focamos aqui as políticas de gestão que entram em voga a partir dos anos 1990 e que já vislumbravam a intensificação do controle e da disciplina como forma de subordinar os indivíduos à produção crescente, ao cumprimento de metas e ao engajamento na nova linguagem da gestão.