Cidade invisível: mapa afetivo da Vila Paranoá e seus quintais de memórias

Invisible city: affective map of Vila Paranoá and their memory backyards

Autores

  • Gersion de Castro Silva Universidade de Brasilia
  • Sidelmar Alves da Siva Kunz Universidade de Brasilia
  • Sandra Regina Santana Costa Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal

Palavras-chave:

Memória. Patrimônio. Vila Paranoá. Quintais de Memória.

Resumo

Resumo: O trabalho visa constituir um Mapa Afetivo da Vila Paranoá e seus Quintais de Memória, tendo como referência a ordem tópica, a partir das pessoas e seus lugares, em valorização da educação patrimonial centrada na história dos moradores da antiga Vila Paranoá. Durante três décadas os operários candangos e moradores da Vila Paranoá, acampamento remanescente da construção da Barragem do Lago Paranoá, lutaram pelo direito a moradia e reconhecimento da área. Em 1989, com a mudança de governador no Distrito Federal, foi sancionado o decreto que entre outras medidas estabeleceu a transferência da população da Vila Paranoá para área vizinha, fato que se constituiu como uma afronta aos moradores. O processo de transferência das famílias para o loteamento provocou esvaziamento da área conhecida como Vila Paranoá. Com isso, descaracterizou-se e se desconstruiu o Núcleo Habitacional e as relações de vizinhança e convivência coletiva e afetiva que vinham sendo consolidada ao longo de décadas. O resultado dessa dinâmica foi um cenário de apenas algumas edificações restantes. As árvores dos quintais e as ruínas evidenciam todo o cotidiano de luta, resistência e história de gerações, que, na atualidade, estão abrigadas no Parque do Paranoá, bem como em outras áreas do entorno.

 Palavras-chave: Memória. Patrimônio. Vila Paranoá. Quintais de Memória.

Invisible city: affective map of Vila Paranoá and their memory backyards

Abstract: The work aims to constitute an Affective Map of Vila Paranoá and its Memory Yards, having as reference the topical order, starting from the people and their places, in appreciation of the patrimonial education centered in the history of the inhabitants of the old Vila Paranoá. For three decades the candangos workers and residents of Vila Paranoá, the remnant camp of the construction of the Lake Paranoá Dam, fought for the right to housing and recognition of the area. In 1989, with the change of governor in the Distrito Federal, was passed the decree that among other measures established the transfer of the population from Vila Paranoá to neighboring area, a fact that was an affront to the residents. The process of transferring the families to the subdivision caused the area known as Vila Paranoá to be emptied. As a result, the Housing Center was deconstructed and deconstructed, as well as the neighborhood and collective and affective relations that had been consolidated over decades. The result of this dynamic was a scenario of only a few remaining buildings. The trees of the backyards and the ruins show all the daily struggle, resistance and history of generations, which are currently sheltered in Paranoá Park, as well as in other surrounding areas.

Keywords: Memory. Patrimony. Vila Paranoá. Memory Backyards.

Ciudad invisible: mapa afectivo de Vila Paranoá y sus patios de memoria

Resumen: El trabajo pretende constituir un Mapa Afectivo de Vila Paranoá y sus Patios de Memoria, teniendo como referencia el orden temático, a partir de las personas y sus lugares, en apreciación de la educación patrimonial centrada en la historia de los habitantes de la antigua Vila Paranoá. Durante tres décadas, los trabajadores de candangos y los residentes de Vila Paranoá, el campamento remanente de la construcción de la presa del lago Paranoá, lucharon por el derecho a la vivienda y el reconocimiento del área. En 1989, con el cambio de gobernador en el Distrito Federal, se aprobó el decreto que, entre otras medidas, establecía el traslado de la población de Vila Paranoá al área vecina, hecho que fue una afrenta para los residentes. El proceso de transferir a las familias a la subdivisión provocó el vaciado del área conocida como Vila Paranoá. Como resultado, el Centro de la Vivienda fue deconstruido y deconstruido, así como las relaciones vecinales y colectivas y afectivas que se habían consolidado durante décadas. El resultado de esta dinámica fue un escenario de solo unos pocos edificios restantes. Los árboles de los patios traseros y las ruinas muestran toda la lucha diaria, la resistencia y la historia de las generaciones, que actualmente están protegidas en el Parque Paranoá, así como en otras áreas circundantes.

Palabras clave: Memoria. Vila Paranoá. Patios de Memoria.

Biografia do Autor

  • Gersion de Castro Silva, Universidade de Brasilia

    Especialista em Educação e Patrimônio Cultural e Artístico, lato sensu – a distância, do Programa de Pós-graduação em Arte-PPG-Arte, Instituto de Artes da Universidade de Brasília.

  • Sidelmar Alves da Siva Kunz, Universidade de Brasilia

    Doutor em Educação pela Universidade de Brasília - UnB e Pesquisador do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP. 

  • Sandra Regina Santana Costa, Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal

    Doutora em Psicologia pelo Programa de Desenvolvimento Humano e Saúde (PG-PDS) do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB/2016). Mestre em Educação pela Universidade Católica de Brasília (UCB). 

Referências

AUDRA, Helmut. Varnhagen e a ideia da mudança da capital brasileira. In Revista de história, v. 39, n. 79, p. 139-154, 1969. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/128821 Acesso em: 18 set. 2019.

BRASIL. Decreto nº 11.208, de 17 de agosto de 1988.

______. Decreto nº 11.921, de 25 de outubro de 1989.

______. Decreto nº 15.156, de 27 de outubro de 1993. Publicado no DODF de 29 de outubro de 1993.

______. Decreto nº 15.899, de 12 de setembro de 1994. Publicado no D.O.D.F Ano XVIII nº 178, de 13 de setembro de 1994.

______. Lei Distrital Complementar N° 265, de 14 de dezembro de 1999.. Diário Oficial do Distrito Federal, 23 de dezembro de 1999.

______. Ministério da Cultura. Plano da Secretaria da Economia Criativa: políticas, diretrizes e ações, 2011 – 2014. Brasília, 2011. 156 p.

¬¬¬¬¬¬¬

COSTA, Fernando Braga da. Homens invisíveis: relato de uma humilhação social. Globo Livros, 2004.

CASTRO SILVA, Gersion de. Paranoá em quadros e versos - Um outro olhar sobre Brasília. Edição: 1, 2009.

DOCUMENTÁRIO historiográfico em vídeo. Brasília: NECOIM-CEAM – DEX/UnB, FAP-DF, IPHAM E DePHA – SCE – GDF, 1998.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2007.

COSTA, Maria Elisa. Lúcio Costa: inventor de Brasília / Maria Elisa. – São Paulo: ECidade, 2013.

INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL (IPHAN). Educação Patrimonial: Inventários Participantes. Manual de Aplicação – Iphan. Brasília-DF, 2016.

JORNAL COMUNITÁRIO. Nossa luta nossa comunidade. Ano I. nº 2 – Fevereiro e Março de 1986 - Associação de Moradores do Paranoá

JORNAL DO PARANOÁ. Nº 03 Outubro de 1988. CEDEP.

______. Ano I. Setembro de 1988. CEDEP.

JORNAL Nº 17/2002 Arte para Todos. Secretaria de Estado da Cultura/Governo do Distrito Federal. Museu vivo da Memória Candanga: Lugar de Patrimônio, História e Arte Popular. Brasília, 2002.

MADEIRA, Angélica. A cidade e suas feiras: um estudo sobre as feiras permanentes de Brasília / Angélica Madeira, Mariza Veloso – Brasília-DF: Iphan / 15ª Superintendência Regional, 2007.

MOURÃO, Tania Fontenele. Poeira e batom no Planalto Central: 50 mulheres na construção de Brasília / Tania Fontenele Mourão e Monica Ferreira Gaspar de Oliveira. – Brasília, 2010.

NUNES, José Walter. Patrimônios Subterrâneos em Brasília. Editora: Annablume. Edição: 1, 2005.

OLIVEIRA, Heloisa Gama de. Construindo com a paisagem. In: Interpretar o Patrimônio: um exercício do olhar. (Org.) MURTA, Maria Estela. ALBANO, Celina. Belo Horizonte: Editora UFMG; Terra Brasilis, 2002.

PDAD, Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios, 2015. CODEPLAN: Companhia de Desenvolvimento do Planalto Central, Brasília-DF, 2015.

SOUZA, Jessé. A invisibilidade da desigualdade brasileira. Editora UFMG, 2006.

Downloads

Publicado

2020-06-30

Como Citar

Cidade invisível: mapa afetivo da Vila Paranoá e seus quintais de memórias: Invisible city: affective map of Vila Paranoá and their memory backyards. (2020). Élisée - Revista De Geografia Da UEG, 9(1), e912016. //www.revista.ueg.br/index.php/elisee/article/view/9536