APROXIMAÇÕES CÍNICAS EM MACHADO DE ASSIS E DENIS DIDEROT

Autores

  • Ludmylla Mendes Lima Universidade de São Paulo (USP)

Palavras-chave:

Machado de Assis. Denis Diderot. Crônica. Ilustração.

Resumo

O objetivo deste ensaio é a comparação dos procedimentos narrativos de Machado de Assis, na crônica O punhal de Martinha, e de Denis Diderot, em O sobrinho de Rameau, tendo por base as análises das obras feitas respectivamente por Roberto Schwarz e por Vladimir Safatle. De um lado, o narrador machadiano varia o tom entre o vaidoso cidadão cosmopolita do século XIX, bem informado sobre o que ocorre nos grandes centros do mundo civilizado, e o escritor nacionalista, condoído com a situação periférica da literatura do seu país. Jogando e invertendo as noções de local e universal ao ccomparar dois punhais, o ilustre da romana Lucrécia e o desconhecido punhal da brasileira Martinha, o narrador faz ver as arestas das ideologias que se queriam aplicadas sem mais na ex-colônia. Na outra
ponta, Diderot põe em cena o diálogo entre o filósofo ilustrado com tendência moralizante e o sobrinho de Rameau, figura sarcástica e amoral, que consegue mostrar o giro em falso dos argumentos arrolados pelo primeiro. Ao criar um falso embate entre a razão ilustrada e sua perversão, Diderot problematiza o momento, já no seu início, em que o Iluminismo depara-se com um processo de
alteração de expectativas para mostrar a impossibilidade de efetivação dos valores pretensamente universais. Em ambos os casos o cinismo é o componente que encobre a crítica acirrada às impossibilidades de concretização dos ideais forjados para serem universais.

Biografia do Autor

  • Ludmylla Mendes Lima, Universidade de São Paulo (USP)
    Doutoranda em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP), sob a orientação da Profa. Dra. Salete de Almeida Cara.

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Edição

Seção

Temática Livre: Estudos Literários

Como Citar

APROXIMAÇÕES CÍNICAS EM MACHADO DE ASSIS E DENIS DIDEROT. (2009). Via Litterae (ISSN 2176-6800): Revista De Linguística E Teoria Literária, 1(1), 206-214. //www.revista.ueg.br/index.php/vialitterae/article/view/4569