MAPEAMENTO PARTICIPATIVO DAS ÁREAS DE MARISCAGEM NA RESERVA EXTRATIVISTA DO BATOQUE, AQUIRAZ-CE:

O SABER DAS MARISQUEIRAS EM AÇÃO

Autores

  • Mirele Carina Holanda-de-Almeida Universidade Federal do Ceará
  • Cristina de Almeida Rocha-Barreira Universidade Federal do Ceará

DOI:

https://doi.org/10.31668/necg6847

Palavras-chave:

Cartografia social; Marisqueiras; Reserva Extrativista.

Resumo

Este estudo apresenta um mapeamento participativo das áreas de mariscagem na Reserva Extrativista (RESEX) do Batoque, em Aquiraz-CE, com foco no saber tradicional das marisqueiras locais. A pesquisa adota uma abordagem qualitativa com ênfase na educação ambiental crítica, utilizando oficina participativa para construir coletivamente mapas das áreas de pesca e identificar riscos socioambientais percebidos. A metodologia envolveu a realização de oficina com 34 marisqueiras, nas quais foram utilizadas técnicas de facilitação gráfica, rodas de conversa e materiais acessíveis para estimular a escuta ativa e o protagonismo das participantes. Os resultados revelaram conhecimentos detalhados sobre os ecossistemas locais, como o Riacho Boa Vista e a Lagoa do Batoque, além de impactos ambientais como degradação do manguezal, resíduos sólidos, conflitos de uso e a presença de espécies exóticas invasoras, com destaque para ocorrência do bagre-africano (Clarias gariepinus). A análise reforça a importância do mapeamento participativo como ferramenta de valorização dos saberes tradicionais, fortalecimento da identidade sociocultural e apoio à gestão territorial integrada. O trabalho evidencia a urgência de políticas públicas voltadas à conservação dos territórios tradicionais e ao reconhecimento do papel ativo das marisqueiras na defesa de seus modos de vida.

Biografia do Autor

  • Mirele Carina Holanda-de-Almeida, Universidade Federal do Ceará

    Possui graduação em Ciências Biológicas (2004) e especialização em Educação Ambiental (2016), ambas pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). É servidora pública federal do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), atuando há quase 20 anos no Núcleo de Gestão Integrada Batoque–Prainha–ICMBio, que abrange as unidades de conservação federais Reserva Extrativista do Batoque (Aquiraz–CE) e Reserva Extrativista Prainha do Canto Verde (Beberibe–CE). Atualmente, é mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências Marinhas Tropicais do Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR), da Universidade Federal do Ceará (UFC). Sua experiência profissional inclui gestão de áreas protegidas, educação ambiental, coordenação de planos de manejo de unidades de conservação, gestão participativa e facilitação gráfica.

  • Cristina de Almeida Rocha-Barreira, Universidade Federal do Ceará

    Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Ceará (1991), mestrado em Ciências Biológicas (Zoologia) pela Universidade Federal da Paraíba (1995), doutorado em Oceanografia Biológica pela Universidade Federal do Rio Grande (2001) e pós-doutorado pela Universidad de Buenos Aires (Argentina) (2006) e pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (Portugal) (2012). Atualmente, é Professora Titular da Universidade Federal do Ceará, sendo coordenadora do Laboratório de Zoobentos do Instituto de Ciências do Mar. É curadora da Coleção Malacológica "Prof. Henry Ramos Matthews" desde 1994. É Editora-Chefe do periódico científico "Arquivos de Ciências do Mar" desde 2016. É coordenadora do Projeto de Extensão "Trilha Ecológica do Estuário do Rio Pacoti: observando a biota do manguezal desde 2016. Tem experiência em autoecologia de moluscos marinhos e estuarinos, desenvolvendo estudos sobre ciclo reprodutivo, alimentação, desenvolvimento embrionário e larval e dinâmica populacional. Desenvolve ainda pesquisas com ênfase em ecologia de comunidades da macrofauna bentônica em ambiente estuarinos, praias arenosas e rochosas e na plataforma continental interna do Ceará.

Publicado

2025-12-12