A VIAGEM E A QUEDA DE SANTORINI

TRABALHO EXAUSTIVO EM NAVIOS DE CRUZEIRO

Autores

  • Angela Teberga Paula Universidade de Brasília - UNB
  • Pedro Henrique Antunes Costa Universidade de Brasília - UNB
  • Thiago Sebastiano Melo Universidade de Brasília - UNB https://orcid.org/0000-0002-6501-9146

DOI:

https://doi.org/10.31668/revsap.v13i1.15189

Resumo

Ao passo que o fenômeno turístico ganha em importância para a reestruturação produtiva do capitalismo contemporâneo, seus rebatimentos na saúde do/a trabalhador/a cresce assustadoramente. Entre outras, nota-se uma defasagem nas elaborações que aproximem turismo e saúde, notadamente na perspectiva da determinação social da saúde. Por isso, abordamos o caso de uma trabalhadora, ex-tripulante, que chamamos de “Santorini” para preservar seu anonimato, cujas condições exaustivas e degradantes de trabalho em navios de cruzeiro resultaram na deterioração de sua saúde (física e mental), bem como em inúmeras implicações deletérias à sua vida. Examinamos, pois, o caráter degradante à saúde das condições de trabalho em navios de cruzeiros, a partir da análise das jornadas exaustivas de trabalho desta ex-tripulante. Assim, apresentamos, analisamos e debatemos esse caso concreto de adoecimento decorrente de condições precárias e exaustivas de trabalho em um navio de cruzeiro, enquanto expressão singular da dinâmica de trabalho em tais instituições - e, em extensão, do modo de produção capitalista em seu estágio corrente, nos marcos de sua reestruturação produtiva, marcada fundamentalmente pela acumulação flexível. O caso de Santorini choca pela desumanização desse momento histórico, no qual, empresas subsumem seres humanos aos imperativos da reestruturação produtiva que permitem seguir com a reprodução ampliada do capital, mesmo com a escalada do número de adoecimentos e mortes relacionadas ao trabalho em âmbito mundial.

Biografia do Autor

  • Thiago Sebastiano Melo, Universidade de Brasília - UNB

    Docente no Centro de Excelência em Turismo da Universidade de Brasília. Doutor em Geografia pelo Programa de Pós Graduação do Instituto de Estudos Socioambientais - IESA na Universidade Federal de Goiás - UFG, com parte da pesquisa (sanduíche) realizada em Moçambique, na Escola Superior de Hotelaria e Turismo da Universidade Eduardo Mondlane, com bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Mestre em Geografia pela Universidade Estadual Paulista - UNESP, campus de Rio Claro. Graduado em Turismo também pela UNESP, campus de Rosana. Vice-lider do Grupo LABOR MOVENS - Condições de Trabalho no Turismo (CNPq). Membro do grupo de pesquisa Dona Alzira - Espaço, Sujeito e Existência (UFG/IESA); do grupo de pesquisa Geografia, Literatura e Arte (USP); e do Grupo de Estudos e Pesquisas de Turismo no Espaço Rural - GEPTER (UNESP/Rosana), todos vinculados ao CNPq. Membro fundador da Rede Internacional de Estudos Críticos sobre Turismo, Território e Autodeterminação - REESCRITA. As conexões entre a reestruturação capitalista contemporânea e o espaço/função do turismo nesse processo engendram as pesquisas atuais. Busca compreender a subjetividade contemporânea como condição para aprofundar o entendimento do turismo como fenômeno social. Pesquisa diretamente a inserção da atividade turística no meio rural; como essa tem se dado no cenário brasileiro por meio das Políticas Públicas, sobretudo, em relação às populações tradicionais e aos movimentos sociais do campo, com destaque para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST. Vincula-se às reflexões acerca da agricultura e do turismo como componentes de territórios camponeses e das populações tradicionais, e como o agronegócio influi nesse particular.

Publicado

2024-03-28