MÚSICA NEOCAIPIRA E A RETERRITORIALIZAÇÃO DA IDENTIDADE CAIPIRA

Autores

  • Denis Rilk Malaquias SEDUCE/GO

DOI:

https://doi.org/10.32411/revistanos-2448-1793-v3n1-7940

Resumo

A música caipira no decorrer da sua história sempre demonstrou ser pré-disposta a influência de gêneros musicais alheios. Essa se evidencia ainda mais a partir da sua entrada no mercado fonográfico. Dentre os fatores contribuintes para uma mescla cultural na música caipira, levamos em consideração nessa análise fenômenos de ordem geográfica, como o êxodo rural, pois no instante que o caipira transfere sua moradia para os centros urbanos, este fica diretamente exposto a novas dimensões culturais, que outrora no campo teria mais dificuldade de acesso. Ressaltamos ainda, o fenômeno da globalização como outro fator influenciador, sobretudo com a difusão da cultura de massa através dos vários meios de informação, o rádio, a TV e etc. Com isso, grande parte dos “caipiras” enveredaram-se influenciados por tendências musicais alheias ao seu campo de produção, especialmente de músicas populares massivas. Em meio a esse panorama surge um grupo de violeiros dispostos a retrabalhar a música caipira. Incorporando nessa elementos advindos principalmente da música erudita em suas performances no instrumento. Essa música hibridizada e ressignificada desses violeiros denominados como neocaipiras, seria de certa forma uma reterritorialização (HAESBAERT, 2009), e não uma desconfiguração da identidade caipira. Com isso, além de se reterritorializar culturalmente, estes, através dessa música, vêm conquistando também respeito e prestigio cultural que não se havia alcançado em nenhuma outra fase da música caipira. Inclusive um apreço acadêmico-erudito. Esse trabalho tem como objeto de estudo a música produzida pelos violeiros neocaipiras, nas suas implicações representacionais e idenditárias relacionadas com a territorialidade caipira.

Biografia do Autor

  • Denis Rilk Malaquias, SEDUCE/GO
    Doutorando em Geografia, mestre e graduado em música pela Universidade Federal de Goiás. Atua na rede estadual de ensino do estado de Goiás-SEDUCE/GO como professor e performer musical vinculado ao Centro de Estudo e Pesquisa Ciranda da Arte. E-mail: denis.violao@hotmail.com

Referências

ALVES JÚNIOR, J. A. Música Caipira Raiz: o entrelugar da memória e da contradição. Dissertação (mestrado). 125 f. 2009. Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia. 2009.

ARAÚJO, F. G. B. Identidade e Território enquanto simulacros discursivos. In: ARAÚJO, F. G. B. (Org.). HAESBAERT, Rogério. (Org.). Identidades e Territórios: questões e olhares contemporâneos. Rio de Janeiro: Access, 2007. p. 13-32.

BOURDIEU, P. Esboço de uma teoria da prática. In: ORTIZ, Renato. Sociologia. São Paulo: Ática, 1983.

BOURDIEU, P. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 2003.

CAMPOS, L.; CANAVEZES, S. Introdução à Globalização. Mala Pedagógica, Lisboa, Instituto Bento de Jesus Caraça, 2007.

CANCLINI, N. G. Consumidores e cidadãos; conflitos multiculturais da globalização. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1999. 4ed. 292p.

CANCLINI, N. G. Culturas híbridas. São Paulo: Edusp, 2003.

CASTRO, M. G. Identidades, Alteridades, Latinidades. Caderno CRH, Salvador, n. 32, p. 11-29, jan./jun. 2000.

CLAVAL, P. A Geografia Cultural: tradução de Luíz Fugazzola Pimenta e Margareth de Castro Afeche Pimenta. 3. Ed. – Florianópolis: Ed. da UFSC, 2007.

COSGROVE, D. E. Em direção a uma Geografia Cultural radical: problemas da teoria. Trad. Olívia B. Lima da Silva de “Towards a Radical Cultural Geography of Theory” In: Antípode – a Radical Journal of Geography, Worcester, 15 (1). 1983, pp 1-11.

. A. O processo de escolarização da viola caipira: novos violeiros (in)ventano modas e identidades. São Paulo: Humanitas, 2012. v. 1. 316p.

FERRETE, J. L. Capitão Furtado: viola caipira ou sertaneja? Rio de Janeiro: FUNARTE, 1985. 132p.

HAESBAERT, R. PORTO-GONÇALVES, C. W. A nova des-ordem mundial. São Paulo: Editora UNESP, 2006. 160p.

HAESBAERT, R. Identidades Territoriais: entre a multiterritorialidade e a reclusão territorial (ou: do hibridismo cultural à essencialização das identidades). In: ARAÚJO, F.; HAESBAERT, R. (Org.). Identidades e Territórios: Questões e Olhares Contemporâneos. 1ed.Rio de Janeiro: Access, 2007, v. 1, p. 33-56.

HAESBAERT, R. O Mito da Desterritorialização: do "fim dos territórios" à multiterritorialidade. 4. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009. 396p.

LEITE, J. C. Saber local e cultura caipira - avaliação na ótica de alguns intérpretes do Brasil. In: I CONINTER - I Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades, 2012, NITERÓI. Anais do I CONINTER - I Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades. Niterói-RJ: EdUFF, 2012. v. 1. p. 00-00.

NEPOMUCENO, R. Música caipira: da roça ao rodeio. São Paulo: Editora 34, 1999.

SANT´ANNA, R. A moda é viola: o ensaio do cantar caipira. Marília: Unimar, 2000.

SANTOS, M. O Espaço do Cidadão. São Paulo. EDUSP,2007. 7.ed. 176p.

TINHORÃO, J. R. Cultura Popular: temas e questões. São Paulo: Ed. 34, 2001. 264p.

VILELA, Ivan. Cantando a própria história - música caipira e enraizamento. São Paulo: EDUSP, 2013. v. 1. 324 p.

VOLPINI SILVA, C. R. A influência da globalização nas manifestações culturais e o diálogo intercultural como uma genuína alternativa de respeito à diversidade e ao multiculturalismo. Anuário brasileiro de direito internacional, v.2, p. 19-35, 2010.

ZAN, J. R. Tradição e assimilação na música sertaneja. In: XI Congresso Internacional de Brazilian Studies Association (BRASA), 2008, Lou

Downloads

Publicado

2018-07-20