O RITMO ENCANTATÓRIO DOS POEMAS EM PROSA DE CRUZ E SOUSA

Autores

  • Antônio Donizeti Pires

Resumo

A conceituação do poema em prosa não é tranquila, havendo mesmo aqueles críticos que negam qualquer validade estética e conceitual a esse tipo híbrido de poesia lírica (um Domingos Carvalho da Silva, por exemplo).Por outro lado, há críticos (um Jean Cohen) que consideram estar o poema em prosa mais ligado ao nível semântico, da “predicação” (os conteúdos, os significados presentes nos vários estratos do poema), e muito menos ao nível fônico, por ele caracterizado como a “versificação” propriamente dita, ao explorar os elementos formais, materiais e significantes que sustentam o edifício poemático. Nascido com a modernidade, sinônimo de liberdade, rebeldia e experimentação estética, o poema em prosa nutre-se de algumas conquistas radicais como a mescla de gêneros e subgêneros literários, a con-fusão e trans-fusão de poesia e prosa, verdadeiros vasos comunicantes que forjarão, a partir do Romantismo, os vários modos de poetização/liricização da prosa e de prosificação da poesia lírica. Ora, todas essas questões formais, conceituais, estéticas e éticas fundamentam os poemas em prosa de Cruz e Sousa (1861-1898), que não hesita em explorar, ao modo encantatório de um Orfeu redivivo, os dois elementos estruturais fundantes da poesia de todos os tempos: o ritmo e a imagem. Ademais, é sobretudo na poesia em prosa (Missal e Evocações) que o poeta do Desterro aprofunda seu moderno pensamento metapoético, ao expor as bases de sua poética e sua crítica aos parnasianos.v

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Publicado

2019-05-12

Edição

Seção

Dossiê Literatura e Interculturalidade