JEAN-JACQUES E OS PEQUENOS TIRANOS: UMA LEITURA DO CONTO FERNANDO FURIOSO E OUTROS RELATOS DE INFÂNCIAS PETULANTES À LUZ DO PENSAMENTO ROUSSEAUNIANO

Resumo

Este artigo propõe uma análise comparativa de caráter pedagógico literário entre dois episódios do livro “Emílio ou Da Educação” (adaptados para este estudo e denominados “O Menino Quebra-Vidros” e “O Soberbo Passeante”), do escritor genebrino Jean-Jacques Rousseau, e o conto “Fernando Furioso”, dos autores Hiawym Oram e Satoshi Kitamura. À luz das máximas rousseaunianas, expostas nas ideias e nos métodos do preceptor Jean-Jacques, explora-se o comportamento dos personagens dos diferentes relatos, considerando conceitos-chave do pensamento de Rousseau, como autoridade, disciplina e obediência, e enfocando, por sua vez, a tensão entre o desejo de poder individual e a possibilidade de estabelecer harmonia nos espaços sociais e familiares. No decorrer da discussão, o artigo destaca como os relatos oferecem uma visão das consequências da imposição da própria vontade sobre os outros e aponta para a importância de uma reflexão crítica sobre as relações de poder que ocorrem na formação e educação das crianças.