A ARGUMENTAÇÃO NO ENEM: ANÁLISE DE UMA REDAÇÃO NOTA MIL

  • Sheyla Fabricia Alves LIMA Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC)
  • Eduardo Lopes PIRIS Universidade Estadual de Santa Cruz- UESC
Palavras-chave: Discurso, Argumentação, Ensino

Resumo

Este trabalho visa ampliar nossa compreensão acerca dos tipos de argumentos presentes nas redações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a fim de apontar as potencialidades do ensino da argumentação para o desenvolvimento do pensamento crítico e reflexivo, extrapolando a concepção de argumentação limitada a fatores gramático-textuais que orientam a avaliação das redações do Enem. Assim, para identificar os tipos de argumentos, baseamo-nos na teoria da argumentação, postulada por Perelman & Olbrechts-Tyteca (2014 [1958]), recorrendo aos aportes teóricos de Plantin (2010 [1996]) e Ferreira (2010). Para considerar a argumentação numa perspectiva discursiva, em sua dimensão sócio-histórica e ideológica, mobilizamos os trabalhos de Amossy (2007, 2011), Azevedo (2016) e Piris (2016). Delimitamos o corpus a partir do documento publicado em 2016 pelo Ministério da Educação intitulado Redação no Enem 2016 – Cartilha do participante. Desenvolvemos nossa reflexão por meio do exame de uma redação que atingiu a nota máxima (nota mil) no conceito dos avaliadores e dos critérios de avaliação do Enem, analisando como os tipos de argumentos instauram as relações interdiscursivas que constituem as posições ideológicas do examinando. Por fim, nosso estudo sugere que a chamada redação nota mil sob análise, apresenta argumentos autorizados por determinada formação discursiva. Essa constatação denuncia uma fragilidade sobre o processo de ensino e aprendizagem, endossado pelo processo seletivo, o que compromete a possibilidade de os sujeitos se increverem em outros posicionamentos.

Biografia do Autor

Sheyla Fabricia Alves LIMA, Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC)
Possui graduação em Letras pela Universidade Estadual de Santa Cruz- UESC (2010), pós-graduação em Língua Portuguesa pela Faculdade Noroeste de Minas- FINOM (2011), leciona Língua Portuguesa na rede pública pela Prefeitura Municipal de Itabuna- PMI, é integrante do Grupo de Pesquisa "Estudos de Linguagem, Argumentação e Discurso" (ELAD) e atualmente é mestranda do Programa de Pós-Graduação em Letras: Linguagens e Representações, da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC)
Eduardo Lopes PIRIS, Universidade Estadual de Santa Cruz- UESC
Possui graduação em Letras com habilitação em Português pela Universidade de São Paulo (2001), mestrado em Semiótica e Linguística Geral (2006) e doutorado em Letras pela mesma Instituição de Ensino (2012), tendo realizado estágio pós-doutoral no Departamento de Linguística da Universidade Federal de São Carlos, no período de 2013-2014. Lecionou Língua Portuguesa na rede oficial de Ensino Básico em São Paulo (2000-2008) e também nos cursos de Letras e de Pedagogia da antiga Faculdade Montessori de Ibiúna (2007-2009). Desde 2010, é docente do Departamento de Letras e Artes da Universidade Estadual de Santa Cruz, onde coordena o Programa de Divulgação de Estudos sobre Discurso e Argumentação (ProEDA) e o Grupo de Pesquisa "Estudos de Linguagem, Argumentação e Discurso" (ELAD). É coeditor da Revista Eletrônica de Estudos Integrados em Discurso e Argumentação (EID&A). É membro permanente do Programa de Pós-Graduação em Letras "Linguagens e Representações" e do Mestrado Profissional em Letras (PROFLETRAS), do qual é coordenador. Desenvolve pesquisa sobre discurso, argumentação e interculturalidade no ensino de português como língua materna e como língua estrangeira, coordenando o projeto de pesquisa "Construção de saberes relativos ao ensino de português como língua materna e como língua estrangeira".
Publicado
2018-02-06
Seção
Artigos