A ARGUMENTAÇÃO NO ENEM: ANÁLISE DE UMA REDAÇÃO NOTA MIL
Resumo
Este trabalho visa ampliar nossa compreensão acerca dos tipos de argumentos presentes nas redações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a fim de apontar as potencialidades do ensino da argumentação para o desenvolvimento do pensamento crítico e reflexivo, extrapolando a concepção de argumentação limitada a fatores gramático-textuais que orientam a avaliação das redações do Enem. Assim, para identificar os tipos de argumentos, baseamo-nos na teoria da argumentação, postulada por Perelman & Olbrechts-Tyteca (2014 [1958]), recorrendo aos aportes teóricos de Plantin (2010 [1996]) e Ferreira (2010). Para considerar a argumentação numa perspectiva discursiva, em sua dimensão sócio-histórica e ideológica, mobilizamos os trabalhos de Amossy (2007, 2011), Azevedo (2016) e Piris (2016). Delimitamos o corpus a partir do documento publicado em 2016 pelo Ministério da Educação intitulado Redação no Enem 2016 – Cartilha do participante. Desenvolvemos nossa reflexão por meio do exame de uma redação que atingiu a nota máxima (nota mil) no conceito dos avaliadores e dos critérios de avaliação do Enem, analisando como os tipos de argumentos instauram as relações interdiscursivas que constituem as posições ideológicas do examinando. Por fim, nosso estudo sugere que a chamada redação nota mil sob análise, apresenta argumentos autorizados por determinada formação discursiva. Essa constatação denuncia uma fragilidade sobre o processo de ensino e aprendizagem, endossado pelo processo seletivo, o que compromete a possibilidade de os sujeitos se increverem em outros posicionamentos.
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