FENÔMENO BULLYING: CAUSAS, CONSEQUÊNCIAS E REFLEXOS NA APRENDIZAGEM
Palavras-chave:
Bullying, Violência, Escola, Família, Aprendizado.Resumo
FENÔMENO BULLYING: Causas, Consequências e Reflexos na Aprendizagem
BULLYING PHENOMENON: Causes, Consequences and Reflections on Learning
Célia Martins De Almeida[1] (UEG, Campus Sul, Unidade de Pires do Rio)
Marise Vicente de Paula[2] (UEG, Campus Sul, Unidade de Pires do Rio)
RESUMO
O Bullying é tão antigo quanto a própria escola, porém se apresenta de forma oculta e velada, o que dificulta seu reconhecimento no ambiente escolar, uma vez que alguns profissionais da educação consideram as características deste fenômeno como brincadeiras da idade. O termo Bullying é utilizado para definir um conjunto de comportamento e atitudes cruéis, agressivas, intencionais e repetitivas adotadas por um ou mais alunos contra outro. A presente pesquisa visa investigar como o bullying pode comprometer a aprendizagem das vítimas no espaço escolar. Para tanto foi realizada uma pesquisa bibliográfica em livros, revistas e artigos que tratam da temática. Ao final da pesquisa foi possível constatar que o Bullying contribui significativamente para o fracasso escolar, pois a violência seja no espaço familiar, seja no espaço escolar sejam elas combinadas, geram danos psíquicos em suas vítimas, comprometendo seu desenvolvimento social e cognitivo, afetando o processo de aprendizagem dos alunos, causando o bloqueio dos pensamentos e do raciocínio, produzindo inclusive, consequências na fase adulta e suicídio.
PALAVRAS-CHAVE: Bullying, Violência, Escola, Família, Aprendizado.
ABSTRACT
Bullying is as old as school itself, but it presents itself in a hidden and veiled way, which makes it difficult to recognize in the school environment, since some education professionals consider the characteristics of this phenomenon to be age-old games. The term Bullying is used to define a set of cruel, aggressive, intentional and repetitive behaviors and attitudes adopted by one or more students against another. This research aims to investigate how bullying can compromise victims' learning at school. To this end, a bibliographical research was carried out in books, magazines and articles that deal with the topic. At the end of the research, it was possible to verify that Bullying contributes significantly to school failure, as violence, whether in the family space, in the school space or in combination, generates psychological damage in its victims, compromising their social and cognitive development, affecting the process students' learning, causing blockage of thoughts and reasoning, even producing consequences in adulthood and suicide.
KEYWORDS: “Bullying”, Violence, School, Family, Learning.
- INTRODUÇÃO
O Bullying é um fenômeno importantíssimo para a atualidade quando se pensa no âmbito escolar, visto que é uma realidade crescente nas escolas de todo país, gerando graves consequências no desenvolvimento social emocional e cognitivo das vítimas desse processo.
O presente artigo, objetiva refletir sobre como o bullying pode causar dificuldades de aprendizado por partes de suas vítimas, como sendo apenas umas das consequências que este fenômeno imprime sobre estes aprendentes.
O termo bullying é de origem inglesa, sendo adotado para definir o desejo de maltratar uma ou mais pessoas, reprimindo-as e colocando a sob tensão. Enquanto o nome, Fante (2005), aponta que Bully significa "valentão", “tirano”, e como verbo, "brutalizar", "amedrontar". Assim, Bullying é compreendido por atitudes e comportamentos agressivos, repetitivos e intencionais, sendo exteriorizados por gozações, ameaças, chantagens, perseguições, humilhações e até agressões físicas, causando medo, sofrimento, intimidação e sentimentos de raiva em suas vítimas.
Para compreender o significado de Bullying é necessário que se entenda o conceito dos termos violência e agressividade. Pode-se dizer, segundo Fante (2005 p.155) que há violência:
Quando alguém, voluntariamente, usa da força para obrigar uma pessoa ou um grupo a agir de forma contrária à sua vontade, ou quando alguém é impedido de agir de acordo com a sua própria intenção, ou, ainda, quando é privado de um bem [...].
Desta forma a violência por aí só provoca opressão e submissão, ações que fazem parte da brutalidade humana e que imprime sobre a vítima um sentimento de inferioridade e impotência.
Outros termos são encontrados em alguns países, como Mobbing, empregado na Dinamarca e na Noruega. Aqui o termo "refere-se a um grupo grande e anônimo de pessoas que geralmente se dedicam ao assédio” (FANTE 2005, p.27), sendo que o mesmo termo é utilizado para definir situações em que um ou mais indivíduos ridicularizam outro. No Brasil adota-se o termo Bullying, assim como na maioria dos países. Segundo Fante (2005),
Definimos o bullying como um comportamento cruel intrínseco nas relações interpessoais, em que os mais fortes convertem os mais frágeis em objetos de diversão e prazer, através de "brincadeiras" que disfarçam o propósito de maltratar e intimidar. (p.29).
O fato é que não há brincadeira quando há sofrimento. O Bullying se apresenta de forma oculta, na indiferença e na desvalorização pessoal em algum momento no decorrer da vida, todas as pessoas já presenciaram brincadeiras de mau gosto, sendo vítimas, autores ou simples testemunhas. No ambiente escolar, essas situações são comuns, onde a crianças e jovens convivendo, com o seu processo de desenvolvimento em construção de grupos onde pares se identificam sejam por gostos semelhantes, pela cultura ou por ideais.
Assim, constata-se a ocorrência de risadinhas, piadinhas, fofocas e apelidos com aqueles que não pertencem ao mesmo grupo, ou seja, as diferenças seja elas quais forem, são alvos de comportamentos que intimidam, caracterizados por gozações e xingamentos que ocorrem de forma repetida contra um mesmo indivíduo. Contudo esses comportamentos considerados normais por muitos pais, alunos educadores, segundo Chalita (2008), está longe de ser inocente. Para o autor o Bullying "é um comportamento ofensivo, aviltante, humilhante, que desmoraliza de maneira repetida, com ataques violentos, cruéis e maliciosos, sejam físicos, sejam psíquicos". (p.82).
O bullying é um fenômeno tão antigo quanto a escola, caracterizado como uma ação de grupo, sendo este um grupo em desequilíbrio, que vem crescendo com o passar dos tempos, atingindo inclusive os primeiros anos de escolarização. Porém poucos profissionais da educação o reconhecem e adotam medidas para prevenção e combate do mesmo, fato este preocupante, uma vez que os educadores possuem consciência da problemática existente e se negam de forma sutil a reconhecê-lo no seu cotidiano a comentá-lo e estudá-lo. De acordo com Chalita (2008).
O bullying é uma violência que cresce com a cumplicidade de alguns, com a tolerância de outros e com a omissão de muitos. E se transforma em ferocidade camuflada, compondo um cenário que nos íntima, enfim, a sair do conformismo, do pessimismo e da apatia das "cavernas” para nos proteger da realidade final uma realidade grave e muda, com consequências alarmantes. (p.09).
Esta conformidade existe não somente junto aos profissionais da educação, mas também em todos aqueles que de alguma forma participam direta ou indiretamente desta violência física e moral caracterizada como bullying, uma vez que, os traumas causados por este fenômeno perduram uma vida toda, pois causam bloqueios emocionais que interferem de forma direta e prejudicial no desenvolvimento sócio educacional das crianças e jovens, afetando o caráter e a personalidade das vítimas.
O bullying nasce da crueldade do ato de propositalmente desumanizar uma pessoa e chegar a roubar-lhe o desejo de viver, tendo como único objetivo causar humilhação em forma de divertimento para quem o pratica.
Nesta perspectiva surgem algumas perguntas norteadoras importante como: o bullying na escola pode causar dificuldade de aprendizagem? Qual o papel da escola e da família no combate a este fenômeno?
O presente artigo consiste em uma pesquisa bibliográfica realizada a partir das plataformas Google Acadêmico e Scielo, com os descritores: Bullying, Escola e Aprendizado.
Constará de discussões acerca de como o Bullying se desenvolve, os reflexos na aprendizagem e do papel da escola e da família.
- O Fenômeno Bullying.
Alguns incidentes, gozações e brincadeiras entre pares são próprias do processo de amadurecimento do indivíduo, assim Fante (2005) e Chalita (2008) fazem referência em suas respectivas obras sobre alguns critérios, desenvolvidos por Dan Olweus, pesquisador da Universidade de Bergen, para que se detecte o problema do fenômeno Bullying de forma específica, permitindo diferenciá-lo de outras interpretações.
O estudo de Olweus, segundo os autores, constatou que a cada 7 alunos, um estava envolvido em casos de Bullying. Estatísticas dos Estados Unidos sobre o bullying, do Suplementos de Crimes Escolares (School Crime Supplement – SCS) para a Pesquisa Nacional de Vitimização do Crime (National Crime Victimization Survey). Em 2016/2017.
No Brasil de acordo com Borges (2023), a pesquisa sobre violência na escola produzida pela Comissão de Educação do Senado Federal a partir do requerimento 65/2023–CE, aponta que 7 milhões de estudantes já sofreram violência na escola. A pesquisa também apontou 90% dos entrevistados afirmaram que tem mais medo da violência na escola do que nas ruas. A pesquisa do DataSenado sobre violência escolar foi realizada entre os dias 9 e 10 de maio de 2023 e ouviu 2068 entrevistado de todo o país com 16 anos ou mais.
Esta pesquisa apresenta dados alarmantes em relação a violência e ao Bullying na escola, fazendo do espaço escolar um ambiente inseguro de acordo com a visão dos jovens.
Sabe-se que a escola é um palco de conflitos de toda ordem, e ao nos depararmos com a cena da violência escolar observamos trocas de xingamentos, provocações verbais, palavrões, desrespeito com o material alheio, depredação do patrimônio escolar, ameaças dirigidas aos professores e agressões físicas entre alunos como chutes, tapas e beliscões. A atenção aqui deve ser dada para aquela violência que é silenciada pelo medo e que está presente no mundo inteiro, o bullying.
Segundo Fante (2005), o bullying acontece entre as diversas classes sociais e tipos de escolas incluindo as escolas urbanas e rurais, sendo um fenômeno observado em todo o mundo.
Como afirma Chalita (2008),” essa forma sutil de violência que geralmente envolve colegas da mesma sala de aula, pode se constituir de maneira direta ou indireta". (p.82).
O Bullying também pode ocorrer além do espaço escolar, alcançando o ciberespaço, visto que as novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) fomentam a criação de redes sociais, geradoras de novas e múltiplas interações entre indivíduos, que vão além dos espaços físicos através de salas de bate-papo, e-mail, páginas da internet, blogs, SMS e outros, imagens, textos e vídeos das vítimas que são expostas, gerando grande constrangimento que pode gerar fobia social, depressão, ansiedade e chegar até ao suicídio.
Para Salgado (2010, p. 4), o cyberbullying é “um ato agressivo, intencional, movido por um grupo ou indivíduo, utilizando meios eletrônicos de comunicação, repetidamente e ao longo do tempo contra uma vítima que não pode facilmente se defender”. Essa agressão virtual deprecia a vítima e pode se manifestar tanto por meio de mensagens ofensivas quanto pelo manuseio de fotos e dados pessoais de forma adulterada, causando assim como no Bullying, sofrimento psicológico e social. Por ser em rede, alcança um número maior de pessoas, podendo causar danos ainda maiores e que geram certa proteção pelo fato de o agressor, que às vezes é anônimo, estar “escondido atrás de uma tela virtual”.
O Bullying também se apresenta de forma diferente entre os gêneros. Entre os agressores meninos o mais comum é o bullying direto, onde as atitudes mais frequentes são os xingamentos, tapas, empurrões, murros, chutes e apelidos ofensivos repetitivos. Para exemplificar esta modalidade, Chalita (2008) relata o seguinte caso:
Carlos um menino de 13 anos, não era considerado muito bom no futebol. Por ser obeso, não tinha velocidade nem fôlego para acompanhar as partidas e passou a ser motivo de chacota dos considerados “craques”. Mesmo sob a supervisão de um professor, Carlos levava tapinhas na cabeça toda vez que perdia uma bola durante o jogo. Com o tempo, as agressões degradantes tornaram-se frequentes e aconteciam mesmo sem o suposto motivo. Decidido a não mais participar das partidas, começou a ser chamado de "menininha e de gay pelos colegas. De “gordo sujo”, apelido que ganhou porque suava muito quando corria passou a ser conhecido na escola por "gordinha fedida”, o que motivava risadas debochadas de meninos e meninas. Por várias vezes, teve sua cueca puxada por trás, apertando sua genitália. Essa desmoralização se estendeu até o dia em que o menino saiu da escola. Dizem que a família saiu da cidade. Talvez nunca tenha mais jogado futebol. Talvez tenha emagrecido. Mas, certamente, carrega consigo as marcas desse período perverso da sua vida. (pp.82-83).
Diante desta situação fica o questionamento acerca da negligência do professor sobre esta série de atitudes intencionais e repetitivas a fim de humilhar o aluno vítima, levando o desenvolvimento desenfreado do Bullying e acarretando consequências que a criança levará para o resto de sua vida.
Já entre o sexo feminino e crianças menores, o mais comum é o Bullying indireto, onde utiliza-se como estratégias a difamação intrigas e fofocas, rumores degradantes sobre a vítima e familiares, entre outros levando a vítima ao isolamento social. Isso não quer dizer que não haja violências físicas entre as garotas, ela só ocorre em menor escala.
Na Educação Fundamental as condutas do Bullying são mais perceptíveis tornando-se mais fácil a identificação das vítimas e dos agressores na sala de aula pelo educador. Nos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental, as reclamações mais comuns são as ameaças, atitudes desagradáveis e violências físicas.
Durante as observações de Fante (2005) em sala de aula, notou-se que:
[...] Algumas crianças, sem motivos aparentes, levantam-se de suas cadeiras para hostilizar o companheiro. Batem nele, pegam alguns de seus pertences sem pedir consentimento, rasgam ou rabiscam folhas de caderno ou livros, ofendendo no e, muitas vezes acusando injustamente. Na tentativa de justificar em sua conduta quando denunciados, invertem os papéis: de agressores se transformam em vítimas. Quando o professor toma alguma medida, sendo a mais comum o encaminhamento à direção escolar, o agressor exige, sob ameaças, que a vítima desista ou confirme que era brincadeira. Em alguns relatos da segunda série, os alunos disseram que "sua vida escolar é muito triste, um inferno, porque muitos colegas xingam de nomes feios, inclusive envolvendo seus pais nos xingamentos ou apelidos. (pp.64-65).
Verifica-se que o Bullying é uma dinâmica expansiva, onde todos os alunos tornam-se parte deste processo, sendo vítimas, agressores ou espectadores contribuindo cada vez mais para a incidência deste fenômeno nas mais diversas instituições escolares.
No ensino médio as situações são mais veladas ocorrendo em ambientes fora da vista dos professores e gestores. Quando acontecem em sala de aula são encarados como brincadeiras e muitas vezes ignorados pelos professores.
O bullying assim, torna-se um círculo vicioso, caracterizado pela violência oculta, aumentando o número de vítimas, proliferando a intimidação, a submissão, a insegurança, a depreciação entre outros aspectos negativos entre pares.
Para identificar um aluno como vítima, o professor deve estar atento a alguns comportamentos típicos como: absenteísmo o aluno constantemente perde seus pertences; apresentar-se triste, deprimido ou aflito; nos jogos de equipe ser o último a ser escolhido ao ponto de isolar-se e separar-se do grupo durante o recreio procurando ficar próximo de algum adulto.
A identificação também deve se estender ao aluno agressor, observando-se os seguintes comportamentos: ocorrência de brincadeiras, gozações e risadas desdenhosas e hostis; colocar apelidos ou chamar outro aluno pelo nome de forma maldosa, ridicularizando, menosprezando ou insultando o ponto e, incidência de ordens, ameaças, incômodos, intimidações frequentes discussões e desentendimentos pegar materiais, lanche, dinheiro e outros objetos de seus colegas sem a permissão do mesmo.
A habilidade da vítima de relacionar-se com o meio social e consigo mesmo dependerá das suas características individuais, havendo ou não a superação dos traumas causados pelo fenômeno. Caso os traumas não sejam superados pelas vítimas, seu desenvolvimento psíquico, seu comportamento e a construção de seus pensamentos e da sua inteligência ficam comprometidos, pois a experiência traumatizante vivenciada inconscientemente orientará seu comportamento para evitar novos traumas, além de gerar sentimentos negativos, pensamentos de vingança, dificuldade de aprendizagem, baixa autoestima, queda do rendimento escolar e, ainda segundo funk (2005), a vítima pode “desenvolver transtornos mentais e psicopatologias graves além de sintomatologia e doenças de fundo psicossomático, transformando-a em um adulto com dificuldades de relacionamentos e com outros graves problemas” (p.79). Como consequência, neste caso, a vítima na sua fase adulta poderá sofrer ou praticar Bullying no seu local de trabalho, desenvolvendo comportamentos agressivos ou depressivos, tornando-se uma vítima-agressora.
As consequências geradas pelo comportamento do bullying nas vítimas são de grande amplitude, refletindo no seu presente e no seu futuro, comprometendo seu desenvolvimento e ainda despertando condutas agressivas nestes que sofrem as intimidações, repressões e agressões no geral, difundindo vítimas, agressores e espectadores, contribuindo para a desenfreada perpetuação da prática do fenômeno bullying. Chalita (2008) complementa que:
O Bullying, ao causar danos psíquicos, morais, sociais, emocionais, físicos e mal-estar, afeta a saúde das crianças. Segundo a matéria "Bullying dói" publicada na revista Saúde!.na edição de abril de 2009, o pediatra Lopes Neto enfatiza que para que ”para que se desenvolva adequadamente uma criança depende do bem-estar físico, psíquico e social. O ambiente violento abala esse equilíbrio e impede que os jovens cresçam de modo saudável” (p.54).
A conscientização dos pais, professores, alunos, psicólogos, psiquiatras, pediatras e demais profissionais envolvidos no processo educacional, sobre estas situações de perseguição e violência é de extrema importância, fazendo com que todos estejam atentos aos comportamentos das crianças e jovens, bem como ao nível de incidência destes comportamentos e suas consequências.
- O Bullying Escolar e seus Reflexos na Aprendizagem.
De acordo com Patto (1999), historicamente no Brasil, existe uma tendência em responsabilizar os estudantes e suas famílias em relação ao fracasso escolar. Este movimento tende a eximir o Estado e a Escola de suas fragilidades em relação a educação e até mesmo em relação a segurança no espaço escolar.
É notório que esta ideia imprime uma situação de medicalização do sistema escolar, ao passo que se uma criança ou jovem não tem o desemprenho acadêmico e comportamental esperado é diretamente enviado para receber tratamento médico a fim de se adequar.
Em meio aos fatores externos que repercutem no desempenho dos estudantes, tem-se a violência como fenômeno cada vez mais presente no cotidiano escolar.
De acordo com HAILE et al (2013), a violência é considerada um grave problema de saúde pública e social, capaz de afetar o desempenho escolar de crianças e jovens, devido as suas alterações cognitivas e comportamentais que pode provocar.
Zequinão et al (2020) aponta em seu estudo realizado com 409 estudantes, entre 8 e 16 anos, do 3º ao 7º ano do Ensino Fundamental de duas escolas públicas, constatou que estudantes que sofriam violência doméstica estavam associados em sua maioria ao envolvimento em situações de bullying como vítimas, vítimas-agressoras e agressores. Além disso notou-se que este grupo de estudantes apresentavam um maior quadro de fracasso escolar em relação aos anos de reprovação escolar e frequência.
Os dados desta pesquisa deixam claro como a violência é reproduzida entre as pessoas em diferentes espaços e como na escola isso não é diferente. Onde as crianças e jovens maiores e mais fortes reproduzem o que aprenderam em casa, mesmo sabendo que isso é errado, com seus colegas mais frágeis incapazes de se defender.
Com o ambiente escolar em desequilíbrio, a aprendizagem do aluno também é comprometida, pois, sendo reprimido pelos comportamentos do bullying, o mesmo se nega a falar dentro da sala de aula, com receio de que novas zombarias aconteçam. Nessa perspectiva Chalita (2008) problematiza: “Num cenário de violência, marginalização e preconceito, uma criança apavorada pode aprender o que se ensina na escola?” (p.125).
Além disso, as marcas deixadas pelo Bullying fazem com que muitas vezes, a vítima se torne agressor, a fim de se livrar de tanta angústia e sofrimento, faz com que outros experimentem estes mesmos sentimentos.
Os comportamentos do Bullying bem como suas consequências emocionais, psíquicas, morais, físicas, e sociais levam a vítima tomada de angústia, dor, sofrimento e até mesmo vergonha a querer livrar-se de forma rápida e eficaz desta dor chegando ao ponto de atentar contra a própria vida.
Devido ao Bullying as emoções da criança e dos jovens são tomadas pela angústia, ansiedade e temor, pois os atos violentos praticados pelo bullying são sutis e camuflam a perversidade, fazendo com que estes sujeitos se sintam isolados, desacreditados e não consigam encontrar alguém que possa recorrer.
Para que este quadro seja mudado, a escola segundo Fante (2005) “deveria ser um espaço democrático no qual o ensino se estendesse para além da instrução, a convivência fosse tratada de maneira democrática e os valores humanísticos fossem transmitidos pela educação dos sentimentos e das emoções.” (p.96).
A escola como principal instituição educadora, deve orientar e acompanhar alunos, equipe gestora e técnica quanto ao bullying, pois um de seus objetivos é a socialização e que os alunos se conscientizem sobre a igualdade e o respeito com o próximo, fazendo perceber que todos possuam os mesmos direitos. Porém, muitas vezes, segundo a educadora Fante (2005), a equidade se confunde com a homogeneidade e “os alunos acabam sendo tratados como se fossem iguais, sem que se levem em conta suas características e necessidades individuais, bem como suas diferenças pessoais" (p.185).
Este fato ignora as particularidades de cada indivíduo, estabelecendo um modelo onde todos devem enquadrar-se, e aquele aluno que possui alguma diferença fora deste modelo, alguma particularidade ou necessidade especial começa a ser alvo de gozações, risadas, perseguições, por parte dos demais colegas.
Mesmo com a grande incidência do fenômeno bullying dentro das escolas ainda se encontra muitos gestores que negam a existência da violência gerada pelo fenômeno dentro delas. Ainda hoje, depois de vários estudos, diagnósticos e constatações sobre as ações do bullying, há muita resistência por parte de equipes gestoras em admitir a ocorrência de tal fenômeno e tomar as devidas providências para evitar tais situações.
Fante (2005), ao realizar questionamentos e apresentar resultados de pesquisas que mostram a existência do fenômeno bullying dentro das escolas, se deparou com a perplexidade de muitos gestores não conheciam que tal fenômeno ocorresse em seu meio.
Segundo a educadora, o fato foi tratado como normal por alguns gestores, sendo declarado por eles que a relação baseada na submissão sempre existiu e que os alunos devem aprender sozinhos a lidar com as situações impostas pelos seus agressores.
Diante destes relatos, Fante (2005) faz um apelo:
Acreditamos oportuno fazer aqui um apelo a todos os profissionais de educação: por favor, valorizem os sentimentos que as vítimas expressam e entendam que para elas é muito difícil falar sobre o que lhes está ocorrendo! Não pensem que aprenderão aos trancos a se desvencilharem de situações difíceis como essas. Se estão pedindo ajuda é porque já não suportam mais o peso do sofrimento e podem estar propensas a cometer um desatino. (p.51).
Eis um dos papéis da escola no que diz respeito ao fenômeno bullying: interceder junto às vítimas para que acabem com o sofrimento das mesmas, valorizar seus sentimentos e não menosprezarem seus apelos e receios. Antes de tudo, para que isto aconteça é preciso haver profissionais qualificados e conscientes que possam prevenir as ações e consequências do Bullying dentro da escola, e que se mesmo assim o fenômeno ainda se dissemine, que o profissional da educação esteja apto para diagnosticá-lo e combatê-lo.
Verifica-se que o papel principal e mais importante dentro da escola para o combate e diagnosticar as ações e comportamentos gerados pelo Bullying é o do professor, pois é ele que no domínio de sua sala de aula conhece seus alunos e seus comportamentos, bem como dificuldades, particularidades e diferenças, sendo ele ainda que tomará à frente da sala de aula, para a conscientização do que é o fenômeno bullying e o que suas ações causam tanto nas vítimas quanto nos agressores, transmitindo valores e democratizando o processo de ensino/aprendizagem, onde o sentimentos e emoções seriam respeitados e aceitos.
Vale lembrar que, para que isso aconteça, é necessário que o docente conheça o fenômeno bullying, suas ações, causas e consequências e tenha consciência sobre sua real interferência no processo de aprendizagem dos alunos, para que possa interceder de forma assertiva junto com as crianças e jovens e contribuir para o desenvolvimento das mesmas.
Caso contrário, o professor que não tem o conhecimento dos comportamentos do Bullying e não possui a sensibilidade de identifica-lo, pode agravar aquele momento de angústia e sofrimento para a vítima, pois na mente infantil e juvenil, uma vez que não se tem o profissional da educação ao seu lado e que para ela o ato de pronunciar-se sobre o que está acontecendo é uma tarefa árdua e temerosa, ir à escola torna-se uma tortura, pois sempre será mais um dia de exposição ao ridículo e a zombarias.
O grupo gestor também deve ser consciente, colocando o combate ao Bullying como uma missão de toda a comunidade escolar, colocando-o como um problema a ser superado inclusive em seu Projeto Político Pedagógico.
Tendo em vista este despreparo, a falta de acolhimento e a falta de sensibilidade por parte de alguns docentes em se colocar no lugar do próximo e respeitar os sentimentos e emoções de seus alunos, Chalita (2008) relata:
Assim é a história de Magali. Gordinha, na infância, tinha um apetite voraz. Na escola, era identificada pelos colegas com a personagem Magali, do desenhista Maurício de Sousa: “Magali gulosa”, "Magali come tudo”. No começo, soavam como brincadeiras as vozes que diziam: "Quer uma maçã Magali?”, "Tirem as maçãs de perto da Magali”, “É só ela comer que se acalma!”, entretanto isso depois passou a incomodar muito. Até que, um dia, Magali tomou coragem e resolveu falar com a professora. Mas talvez não tenha escolhido uma boa hora, conta Magali. A partir de então as coisas pioraram e muito. A professora olhou bem para ela e em voz alta, diante da classe, disse com firmeza: “primeiro, o seu nome é mesmo Magali; caso não esteja satisfeita, fale com seus pais. Segundo você realmente come muito”. E todos riram bastante e durante muito tempo. O pesadelo durou anos e anos depois de legitimado pela professora. Hoje, já adulta, Magali fala pouco e confessa que pensa mil vezes antes de revelar suas emoções a alguém. Ela teme risadas!” (p.124).
Esta situação proporcionada pela professora de Magali, reforçando a ridicularização e banalizando seus sentimentos e angústias marcou este dia e todos os outros dias de sua vida, e assim como ela, existem várias professoras de “Magalis” nas mais diversas instituições escolares.
Deste modo, para que tantos outros dias das mais diversas crianças não sejam marcados, a escola deve ser um lugar acolhedor onde a criança se sinta segura e confie naqueles que estão dispostos a ensinar-lhe tanto conteúdos curriculares quanto extracurriculares, com o sentimento, valores emoções e respeito expressos nas atitudes cotidianas e no convívio entre todos, proporcionando o desenvolvimento dos alunos e preparando-os para exercerem a cidadania que respeite a diferença e o espaço de todos.
Conviver é "viver com”, o que é uma tarefa desafiadora quando se depara com tantas diferenças existentes em nosso meio, pois segundo Chalita (2008) “envolve compromisso e responsabilidade com a vida do outro” (p.138).
Assim o momento de ir para a escola torna-se o momento mais desafiador da vida de uma criança pois é no ambiente escolar que ela terá que conviver e aprender a se relacionar com pessoas diferentes, aceitar e ser aceito, acolher e ser acolhido, valorizar E ser valorizado, respeitar e ser respeitado amar e ser amado.
A indisciplina, a rebeldia, o desinteresse, o enfrentamento e o descaso pelos conteúdos e pelas pessoas, são sinais apresentados pelos alunos quando as coisas não estão indo bem. Com isto as relações dentro da escola vão ficando mais violentas pois as respostas dirigidas aos colegas de sala e aos professores vão ficando ríspidas, os olhares são debochados, as falas são desinteressadas, as risadinhas ganham um tom sarcástico. E assim se tem ameaças veladas, até chegar ao ponto que a situação foge do controle dos professores e demais profissionais da educação. A partir daí, os educadores não podem se deixar envolverem pelas atitudes e comportamentos negativos que esta situação traz, para Chalita (2008), é importante que o professor aprecie a perspectiva de oportunidade de transformação que a situação criada pelo fenômeno Bullying traz, além disso, o docente deve contar com a certeza de que:
É importante apreciar a perspectiva de oportunidade e contar com a certeza de que: ninguém gosta de viver a violência, nem como professor, nem como aluno, nem como vítima, nem como agressor, tampouco como testemunha de atos desumanos. Cada qual escolhe agir de acordo com as habilidades que desenvolveu e modelos que conheceu; todos querem ser felizes, protegidos e acolhidos, ter sua importância e talento reconhecidos e valorizados. Uns conquistam pela força, outros pelo carinho, outros desistem. essa necessidade é tão imprescindível que sua ausência pode levar uma pessoa ao suicídio; alguns acabam ficando cruéis, alguns se protegem e outros se defendem da crueldade. Mas há, ainda, os que não sabem nem se proteger, nem se defender: ele se esconde, se isolam e são esquecidos pelos demais; pouco se sensibilizam a ponto de buscar envolver poucos para formar muitos. São poucos porque talvez muitos não acreditem que sejam capazes de transformar algo. Os poucos que realmente acreditam e se mobilizam serão muitos até que sejam poucos. (p.198).
É o papel da escola educar para a cidadania, educar para diferença, para a inclusão, para o respeito, para o afeto, onde interceda positivamente nas relações e no desenvolvimento dos alunos, visando as diferenças, o talento, os limites e as dificuldades de cada um, valorizando que todos possuem de melhor e fazendo-os com que se sintam acolhidos e respeitados nas suas diferenças para que assim também respeitem o próximo e percebam que ser diferente é normal, que cada um possui características próprias, tanto físicas, como culturais, religiosas e intelectuais, e é de direito e cabe a cada pessoa desenvolver o que há de melhor em si, sem medo de errar, de ser criticado, constrangido ou reprimido pelos demais.
É na escola que a repressão deve sumir, que o erro deve ser transformado em acerto, que o constrangimento seja colocado de lado, que a perseguição seja a vontade de cada um tornar-se melhor e que todas as ações negativas causadas pelo bullying se transforme em ações de paz, sem fazer com que a criança e o jovem experimentem os dissabores deste fenômeno, tornando a escola e a vida do aluno prazerosa e cheia de expectativas.
4 Considerações Finais
Um erro grave que deve ser varrido do espaço escolar é encarar o bullying como brincadeira própria da idade, sendo que na verdade se configura por uma violência sistemática pautada em ações físicas e psicológicas.
O desenvolvimento global de uma criança ou jovem não se dá perante a atitudes que diminuam sua capacidade e a individualidade, e sim perante a exemplos e atitudes de amizade amor e respeito.
A violência tanto no espaço público quanto no privado gera situações de angustia, depressão e reprodução desta ação em outros espaços. Crianças que sofrem violência doméstica são propensas a reproduzir na escola o que aprenderam em casa.
Inegavelmente o Bullying é um fator que gera fracasso escolar, sendo esta afirmação um consenso entre o referencial consultado. Crianças e jovens que sofrem violência e perseguições se fecham em seus mundos a fim de se proteger do predador sempre a espreita. As consequências psicossomáticas aliadas ao isolamento geram repetições de ano e faltas constantes as aulas.
Diante deste fenômeno é preciso que o poder público aliado as instituições de ensino e a família promovam políticas públicas de combate ao Bullying. É necessário que a comunidade escolar insira nas metas do Projeto Político Pedagógico das escolas, ações para combater esse fenômeno a partir de projetos de ensino e campanhas de conscientização, além de manter uma vigilância constante diante de sinais de violência sistêmica no espaço escolar, acolhendo e encarecendo vítimas e agressores sobre direitos e deveres cidadãos.
A família também representa importante elo no combate ao Bullying. Em concomitância com a escola a família possibilita a identificação dos envolvidos no Bullying, bem como a tomada de medidas eficazes para combater o apequenamento e as angústias que as vítimas carregam no seu íntimo, além de traçar estratégias que atinjam os agressores no sentido de refletirem e redefinirem seus comportamentos e suas atitudes agressivas contra o próximo.
Portanto, entende-se que a amizade é o maior é mais poderoso antídoto no combate ao surgimento e a proliferação dos comportamentos e atitudes cruéis, repressivas, desdenhosas e repetitivas entre os pares. Neste senário todos são vítimas, pois, quem agride normalmente repete agressões sofridas em espaços familiares. Todos precisam de acolhimento, compreensão e tratamento quando necessário. O combate ao Bullying deve ser um objetivo social amplo, sendo a escola um importante agente social desta cruzada.
5 REFERÊNCIAS
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[1] Graduanda no Curso de Pedagogia pela Universidade Estadual de Goiás – UEG. Email: celiamago2008@aluno.ueg.br
[2] Professora Doutora do Curso de Pedagogia da UEG, Campus Sul, Unidade de Pires do Rio. Especialista em Neuropsicopedagogia e Educação Especial e em Educação Inclusiva com Ênfase em Autismo. Email: marise.paula@ueg,br
FENÔMENO BULLYING: Causas, Consequências e Reflexos na Aprendizagem
BULLYING PHENOMENON: Causes, Consequences and Reflections on Learning
Célia Martins De Almeida[1] (UEG, Campus Sul, Unidade de Pires do Rio)
Marise Vicente de Paula[2] (UEG, Campus Sul, Unidade de Pires do Rio)
RESUMO
O Bullying é tão antigo quanto a própria escola, porém se apresenta de forma oculta e velada, o que dificulta seu reconhecimento no ambiente escolar, uma vez que alguns profissionais da educação consideram as características deste fenômeno como brincadeiras da idade. O termo Bullying é utilizado para definir um conjunto de comportamento e atitudes cruéis, agressivas, intencionais e repetitivas adotadas por um ou mais alunos contra outro. A presente pesquisa visa investigar como o bullying pode comprometer a aprendizagem das vítimas no espaço escolar. Para tanto foi realizada uma pesquisa bibliográfica em livros, revistas e artigos que tratam da temática. Ao final da pesquisa foi possível constatar que o Bullying contribui significativamente para o fracasso escolar, pois a violência seja no espaço familiar, seja no espaço escolar sejam elas combinadas, geram danos psíquicos em suas vítimas, comprometendo seu desenvolvimento social e cognitivo, afetando o processo de aprendizagem dos alunos, causando o bloqueio dos pensamentos e do raciocínio, produzindo inclusive, consequências na fase adulta e suicídio.
PALAVRAS-CHAVE: Bullying, Violência, Escola, Família, Aprendizado.
ABSTRACT
Bullying is as old as school itself, but it presents itself in a hidden and veiled way, which makes it difficult to recognize in the school environment, since some education professionals consider the characteristics of this phenomenon to be age-old games. The term Bullying is used to define a set of cruel, aggressive, intentional and repetitive behaviors and attitudes adopted by one or more students against another. This research aims to investigate how bullying can compromise victims' learning at school. To this end, a bibliographical research was carried out in books, magazines and articles that deal with the topic. At the end of the research, it was possible to verify that Bullying contributes significantly to school failure, as violence, whether in the family space, in the school space or in combination, generates psychological damage in its victims, compromising their social and cognitive development, affecting the process students' learning, causing blockage of thoughts and reasoning, even producing consequences in adulthood and suicide.
KEYWORDS: “Bullying”, Violence, School, Family, Learning.
- INTRODUÇÃO
O Bullying é um fenômeno importantíssimo para a atualidade quando se pensa no âmbito escolar, visto que é uma realidade crescente nas escolas de todo país, gerando graves consequências no desenvolvimento social emocional e cognitivo das vítimas desse processo.
O presente artigo, objetiva refletir sobre como o bullying pode causar dificuldades de aprendizado por partes de suas vítimas, como sendo apenas umas das consequências que este fenômeno imprime sobre estes aprendentes.
O termo bullying é de origem inglesa, sendo adotado para definir o desejo de maltratar uma ou mais pessoas, reprimindo-as e colocando a sob tensão. Enquanto o nome, Fante (2005), aponta que Bully significa "valentão", “tirano”, e como verbo, "brutalizar", "amedrontar". Assim, Bullying é compreendido por atitudes e comportamentos agressivos, repetitivos e intencionais, sendo exteriorizados por gozações, ameaças, chantagens, perseguições, humilhações e até agressões físicas, causando medo, sofrimento, intimidação e sentimentos de raiva em suas vítimas.
Para compreender o significado de Bullying é necessário que se entenda o conceito dos termos violência e agressividade. Pode-se dizer, segundo Fante (2005 p.155) que há violência:
Quando alguém, voluntariamente, usa da força para obrigar uma pessoa ou um grupo a agir de forma contrária à sua vontade, ou quando alguém é impedido de agir de acordo com a sua própria intenção, ou, ainda, quando é privado de um bem [...].
Desta forma a violência por aí só provoca opressão e submissão, ações que fazem parte da brutalidade humana e que imprime sobre a vítima um sentimento de inferioridade e impotência.
Outros termos são encontrados em alguns países, como Mobbing, empregado na Dinamarca e na Noruega. Aqui o termo "refere-se a um grupo grande e anônimo de pessoas que geralmente se dedicam ao assédio” (FANTE 2005, p.27), sendo que o mesmo termo é utilizado para definir situações em que um ou mais indivíduos ridicularizam outro. No Brasil adota-se o termo Bullying, assim como na maioria dos países. Segundo Fante (2005),
Definimos o bullying como um comportamento cruel intrínseco nas relações interpessoais, em que os mais fortes convertem os mais frágeis em objetos de diversão e prazer, através de "brincadeiras" que disfarçam o propósito de maltratar e intimidar. (p.29).
O fato é que não há brincadeira quando há sofrimento. O Bullying se apresenta de forma oculta, na indiferença e na desvalorização pessoal em algum momento no decorrer da vida, todas as pessoas já presenciaram brincadeiras de mau gosto, sendo vítimas, autores ou simples testemunhas. No ambiente escolar, essas situações são comuns, onde a crianças e jovens convivendo, com o seu processo de desenvolvimento em construção de grupos onde pares se identificam sejam por gostos semelhantes, pela cultura ou por ideais.
Assim, constata-se a ocorrência de risadinhas, piadinhas, fofocas e apelidos com aqueles que não pertencem ao mesmo grupo, ou seja, as diferenças seja elas quais forem, são alvos de comportamentos que intimidam, caracterizados por gozações e xingamentos que ocorrem de forma repetida contra um mesmo indivíduo. Contudo esses comportamentos considerados normais por muitos pais, alunos educadores, segundo Chalita (2008), está longe de ser inocente. Para o autor o Bullying "é um comportamento ofensivo, aviltante, humilhante, que desmoraliza de maneira repetida, com ataques violentos, cruéis e maliciosos, sejam físicos, sejam psíquicos". (p.82).
O bullying é um fenômeno tão antigo quanto a escola, caracterizado como uma ação de grupo, sendo este um grupo em desequilíbrio, que vem crescendo com o passar dos tempos, atingindo inclusive os primeiros anos de escolarização. Porém poucos profissionais da educação o reconhecem e adotam medidas para prevenção e combate do mesmo, fato este preocupante, uma vez que os educadores possuem consciência da problemática existente e se negam de forma sutil a reconhecê-lo no seu cotidiano a comentá-lo e estudá-lo. De acordo com Chalita (2008).
O bullying é uma violência que cresce com a cumplicidade de alguns, com a tolerância de outros e com a omissão de muitos. E se transforma em ferocidade camuflada, compondo um cenário que nos íntima, enfim, a sair do conformismo, do pessimismo e da apatia das "cavernas” para nos proteger da realidade final uma realidade grave e muda, com consequências alarmantes. (p.09).
Esta conformidade existe não somente junto aos profissionais da educação, mas também em todos aqueles que de alguma forma participam direta ou indiretamente desta violência física e moral caracterizada como bullying, uma vez que, os traumas causados por este fenômeno perduram uma vida toda, pois causam bloqueios emocionais que interferem de forma direta e prejudicial no desenvolvimento sócio educacional das crianças e jovens, afetando o caráter e a personalidade das vítimas.
O bullying nasce da crueldade do ato de propositalmente desumanizar uma pessoa e chegar a roubar-lhe o desejo de viver, tendo como único objetivo causar humilhação em forma de divertimento para quem o pratica.
Nesta perspectiva surgem algumas perguntas norteadoras importante como: o bullying na escola pode causar dificuldade de aprendizagem? Qual o papel da escola e da família no combate a este fenômeno?
O presente artigo consiste em uma pesquisa bibliográfica realizada a partir das plataformas Google Acadêmico e Scielo, com os descritores: Bullying, Escola e Aprendizado.
Constará de discussões acerca de como o Bullying se desenvolve, os reflexos na aprendizagem e do papel da escola e da família.
- O Fenômeno Bullying.
Alguns incidentes, gozações e brincadeiras entre pares são próprias do processo de amadurecimento do indivíduo, assim Fante (2005) e Chalita (2008) fazem referência em suas respectivas obras sobre alguns critérios, desenvolvidos por Dan Olweus, pesquisador da Universidade de Bergen, para que se detecte o problema do fenômeno Bullying de forma específica, permitindo diferenciá-lo de outras interpretações.
O estudo de Olweus, segundo os autores, constatou que a cada 7 alunos, um estava envolvido em casos de Bullying. Estatísticas dos Estados Unidos sobre o bullying, do Suplementos de Crimes Escolares (School Crime Supplement – SCS) para a Pesquisa Nacional de Vitimização do Crime (National Crime Victimization Survey). Em 2016/2017.
No Brasil de acordo com Borges (2023), a pesquisa sobre violência na escola produzida pela Comissão de Educação do Senado Federal a partir do requerimento 65/2023–CE, aponta que 7 milhões de estudantes já sofreram violência na escola. A pesquisa também apontou 90% dos entrevistados afirmaram que tem mais medo da violência na escola do que nas ruas. A pesquisa do DataSenado sobre violência escolar foi realizada entre os dias 9 e 10 de maio de 2023 e ouviu 2068 entrevistado de todo o país com 16 anos ou mais.
Esta pesquisa apresenta dados alarmantes em relação a violência e ao Bullying na escola, fazendo do espaço escolar um ambiente inseguro de acordo com a visão dos jovens.
Sabe-se que a escola é um palco de conflitos de toda ordem, e ao nos depararmos com a cena da violência escolar observamos trocas de xingamentos, provocações verbais, palavrões, desrespeito com o material alheio, depredação do patrimônio escolar, ameaças dirigidas aos professores e agressões físicas entre alunos como chutes, tapas e beliscões. A atenção aqui deve ser dada para aquela violência que é silenciada pelo medo e que está presente no mundo inteiro, o bullying.
Segundo Fante (2005), o bullying acontece entre as diversas classes sociais e tipos de escolas incluindo as escolas urbanas e rurais, sendo um fenômeno observado em todo o mundo.
Como afirma Chalita (2008),” essa forma sutil de violência que geralmente envolve colegas da mesma sala de aula, pode se constituir de maneira direta ou indireta". (p.82).
O Bullying também pode ocorrer além do espaço escolar, alcançando o ciberespaço, visto que as novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) fomentam a criação de redes sociais, geradoras de novas e múltiplas interações entre indivíduos, que vão além dos espaços físicos através de salas de bate-papo, e-mail, páginas da internet, blogs, SMS e outros, imagens, textos e vídeos das vítimas que são expostas, gerando grande constrangimento que pode gerar fobia social, depressão, ansiedade e chegar até ao suicídio.
Para Salgado (2010, p. 4), o cyberbullying é “um ato agressivo, intencional, movido por um grupo ou indivíduo, utilizando meios eletrônicos de comunicação, repetidamente e ao longo do tempo contra uma vítima que não pode facilmente se defender”. Essa agressão virtual deprecia a vítima e pode se manifestar tanto por meio de mensagens ofensivas quanto pelo manuseio de fotos e dados pessoais de forma adulterada, causando assim como no Bullying, sofrimento psicológico e social. Por ser em rede, alcança um número maior de pessoas, podendo causar danos ainda maiores e que geram certa proteção pelo fato de o agressor, que às vezes é anônimo, estar “escondido atrás de uma tela virtual”.
O Bullying também se apresenta de forma diferente entre os gêneros. Entre os agressores meninos o mais comum é o bullying direto, onde as atitudes mais frequentes são os xingamentos, tapas, empurrões, murros, chutes e apelidos ofensivos repetitivos. Para exemplificar esta modalidade, Chalita (2008) relata o seguinte caso:
Carlos um menino de 13 anos, não era considerado muito bom no futebol. Por ser obeso, não tinha velocidade nem fôlego para acompanhar as partidas e passou a ser motivo de chacota dos considerados “craques”. Mesmo sob a supervisão de um professor, Carlos levava tapinhas na cabeça toda vez que perdia uma bola durante o jogo. Com o tempo, as agressões degradantes tornaram-se frequentes e aconteciam mesmo sem o suposto motivo. Decidido a não mais participar das partidas, começou a ser chamado de "menininha e de gay pelos colegas. De “gordo sujo”, apelido que ganhou porque suava muito quando corria passou a ser conhecido na escola por "gordinha fedida”, o que motivava risadas debochadas de meninos e meninas. Por várias vezes, teve sua cueca puxada por trás, apertando sua genitália. Essa desmoralização se estendeu até o dia em que o menino saiu da escola. Dizem que a família saiu da cidade. Talvez nunca tenha mais jogado futebol. Talvez tenha emagrecido. Mas, certamente, carrega consigo as marcas desse período perverso da sua vida. (pp.82-83).
Diante desta situação fica o questionamento acerca da negligência do professor sobre esta série de atitudes intencionais e repetitivas a fim de humilhar o aluno vítima, levando o desenvolvimento desenfreado do Bullying e acarretando consequências que a criança levará para o resto de sua vida.
Já entre o sexo feminino e crianças menores, o mais comum é o Bullying indireto, onde utiliza-se como estratégias a difamação intrigas e fofocas, rumores degradantes sobre a vítima e familiares, entre outros levando a vítima ao isolamento social. Isso não quer dizer que não haja violências físicas entre as garotas, ela só ocorre em menor escala.
Na Educação Fundamental as condutas do Bullying são mais perceptíveis tornando-se mais fácil a identificação das vítimas e dos agressores na sala de aula pelo educador. Nos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental, as reclamações mais comuns são as ameaças, atitudes desagradáveis e violências físicas.
Durante as observações de Fante (2005) em sala de aula, notou-se que:
[...] Algumas crianças, sem motivos aparentes, levantam-se de suas cadeiras para hostilizar o companheiro. Batem nele, pegam alguns de seus pertences sem pedir consentimento, rasgam ou rabiscam folhas de caderno ou livros, ofendendo no e, muitas vezes acusando injustamente. Na tentativa de justificar em sua conduta quando denunciados, invertem os papéis: de agressores se transformam em vítimas. Quando o professor toma alguma medida, sendo a mais comum o encaminhamento à direção escolar, o agressor exige, sob ameaças, que a vítima desista ou confirme que era brincadeira. Em alguns relatos da segunda série, os alunos disseram que "sua vida escolar é muito triste, um inferno, porque muitos colegas xingam de nomes feios, inclusive envolvendo seus pais nos xingamentos ou apelidos. (pp.64-65).
Verifica-se que o Bullying é uma dinâmica expansiva, onde todos os alunos tornam-se parte deste processo, sendo vítimas, agressores ou espectadores contribuindo cada vez mais para a incidência deste fenômeno nas mais diversas instituições escolares.
No ensino médio as situações são mais veladas ocorrendo em ambientes fora da vista dos professores e gestores. Quando acontecem em sala de aula são encarados como brincadeiras e muitas vezes ignorados pelos professores.
O bullying assim, torna-se um círculo vicioso, caracterizado pela violência oculta, aumentando o número de vítimas, proliferando a intimidação, a submissão, a insegurança, a depreciação entre outros aspectos negativos entre pares.
Para identificar um aluno como vítima, o professor deve estar atento a alguns comportamentos típicos como: absenteísmo o aluno constantemente perde seus pertences; apresentar-se triste, deprimido ou aflito; nos jogos de equipe ser o último a ser escolhido ao ponto de isolar-se e separar-se do grupo durante o recreio procurando ficar próximo de algum adulto.
A identificação também deve se estender ao aluno agressor, observando-se os seguintes comportamentos: ocorrência de brincadeiras, gozações e risadas desdenhosas e hostis; colocar apelidos ou chamar outro aluno pelo nome de forma maldosa, ridicularizando, menosprezando ou insultando o ponto e, incidência de ordens, ameaças, incômodos, intimidações frequentes discussões e desentendimentos pegar materiais, lanche, dinheiro e outros objetos de seus colegas sem a permissão do mesmo.
A habilidade da vítima de relacionar-se com o meio social e consigo mesmo dependerá das suas características individuais, havendo ou não a superação dos traumas causados pelo fenômeno. Caso os traumas não sejam superados pelas vítimas, seu desenvolvimento psíquico, seu comportamento e a construção de seus pensamentos e da sua inteligência ficam comprometidos, pois a experiência traumatizante vivenciada inconscientemente orientará seu comportamento para evitar novos traumas, além de gerar sentimentos negativos, pensamentos de vingança, dificuldade de aprendizagem, baixa autoestima, queda do rendimento escolar e, ainda segundo funk (2005), a vítima pode “desenvolver transtornos mentais e psicopatologias graves além de sintomatologia e doenças de fundo psicossomático, transformando-a em um adulto com dificuldades de relacionamentos e com outros graves problemas” (p.79). Como consequência, neste caso, a vítima na sua fase adulta poderá sofrer ou praticar Bullying no seu local de trabalho, desenvolvendo comportamentos agressivos ou depressivos, tornando-se uma vítima-agressora.
As consequências geradas pelo comportamento do bullying nas vítimas são de grande amplitude, refletindo no seu presente e no seu futuro, comprometendo seu desenvolvimento e ainda despertando condutas agressivas nestes que sofrem as intimidações, repressões e agressões no geral, difundindo vítimas, agressores e espectadores, contribuindo para a desenfreada perpetuação da prática do fenômeno bullying. Chalita (2008) complementa que:
O Bullying, ao causar danos psíquicos, morais, sociais, emocionais, físicos e mal-estar, afeta a saúde das crianças. Segundo a matéria "Bullying dói" publicada na revista Saúde!.na edição de abril de 2009, o pediatra Lopes Neto enfatiza que para que ”para que se desenvolva adequadamente uma criança depende do bem-estar físico, psíquico e social. O ambiente violento abala esse equilíbrio e impede que os jovens cresçam de modo saudável” (p.54).
A conscientização dos pais, professores, alunos, psicólogos, psiquiatras, pediatras e demais profissionais envolvidos no processo educacional, sobre estas situações de perseguição e violência é de extrema importância, fazendo com que todos estejam atentos aos comportamentos das crianças e jovens, bem como ao nível de incidência destes comportamentos e suas consequências.
- O Bullying Escolar e seus Reflexos na Aprendizagem.
De acordo com Patto (1999), historicamente no Brasil, existe uma tendência em responsabilizar os estudantes e suas famílias em relação ao fracasso escolar. Este movimento tende a eximir o Estado e a Escola de suas fragilidades em relação a educação e até mesmo em relação a segurança no espaço escolar.
É notório que esta ideia imprime uma situação de medicalização do sistema escolar, ao passo que se uma criança ou jovem não tem o desemprenho acadêmico e comportamental esperado é diretamente enviado para receber tratamento médico a fim de se adequar.
Em meio aos fatores externos que repercutem no desempenho dos estudantes, tem-se a violência como fenômeno cada vez mais presente no cotidiano escolar.
De acordo com HAILE et al (2013), a violência é considerada um grave problema de saúde pública e social, capaz de afetar o desempenho escolar de crianças e jovens, devido as suas alterações cognitivas e comportamentais que pode provocar.
Zequinão et al (2020) aponta em seu estudo realizado com 409 estudantes, entre 8 e 16 anos, do 3º ao 7º ano do Ensino Fundamental de duas escolas públicas, constatou que estudantes que sofriam violência doméstica estavam associados em sua maioria ao envolvimento em situações de bullying como vítimas, vítimas-agressoras e agressores. Além disso notou-se que este grupo de estudantes apresentavam um maior quadro de fracasso escolar em relação aos anos de reprovação escolar e frequência.
Os dados desta pesquisa deixam claro como a violência é reproduzida entre as pessoas em diferentes espaços e como na escola isso não é diferente. Onde as crianças e jovens maiores e mais fortes reproduzem o que aprenderam em casa, mesmo sabendo que isso é errado, com seus colegas mais frágeis incapazes de se defender.
Com o ambiente escolar em desequilíbrio, a aprendizagem do aluno também é comprometida, pois, sendo reprimido pelos comportamentos do bullying, o mesmo se nega a falar dentro da sala de aula, com receio de que novas zombarias aconteçam. Nessa perspectiva Chalita (2008) problematiza: “Num cenário de violência, marginalização e preconceito, uma criança apavorada pode aprender o que se ensina na escola?” (p.125).
Além disso, as marcas deixadas pelo Bullying fazem com que muitas vezes, a vítima se torne agressor, a fim de se livrar de tanta angústia e sofrimento, faz com que outros experimentem estes mesmos sentimentos.
Os comportamentos do Bullying bem como suas consequências emocionais, p
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