Superando o sincretismo: por uma história das religiões afro-brasileiras à luz dos conceitos pós-coloniais
Overcoming syncretism: a history of Afro-Brazilian religions based on post-colonial concepts
DOI:
https://doi.org/10.31668/élisée.v10i2.12730Palavras-chave:
Religiões afro-brasileiras, Sincretismo, Estudos pós-coloniais, HibridismoResumo
Neste artigo pretendemos realizar uma análise dos principais conceitos utilizados para se estudar a história das religiões afro-brasileiras. Primeiramente analisaremos os intelectuais e acadêmicos que se debruçaram nos estudos das religiões afro ao longo do século XX, utilizando-se do conceito de sincretismo religioso, apontando como estes autores se utilizaram deste conceito para construir uma ideia de superioridade de algumas religiões afro-brasileiras em relação a outras, a partir da consolidação da “pureza africana”. Destacaremos as principais críticas e problemas gerados pela utilização deste conceito e, a partir dela, buscaremos apresentar uma alternativa conceitual para os estudos afro-brasileiros: os estudos pós-coloniais e sua noção de hibridismo.
Palavras-chave: Religiões afro-brasileiras. Sincretismo. Estudos pós-coloniais. Hibridismo.
Overcoming syncretism: a history of Afro-Brazilian religions based on post-colonial concepts
Abstract: In this text, we will analyze the most used concepts to study the history of Afro-Brazilian religions. First, we will analyze the intellectuals and academics who studied Afro religions throughout the 20th century, using the concept of religious syncretism, showing how these authors used this concept to build an idea of the superiority of some Afro-Brazilian religions in relation to others, based on the idea of “African purity”. We highlight the criticisms and problems generated by the use of this concept and present a conceptual alternative for Afro-Brazilian studies: post-colonial studies and their concept of hybridism.
Keywords: Afro-Brazilian religions; syncretism; post-colonial studies; hybridity.
Superar el sincretismo: una historia de las religiones afrobrasileñas basada en conceptos poscoloniales
Resumen: En este artículo pretendemos realizar un análisis de los principales conceptos utilizados para estudiar la historia de las religiones afrobrasileñas. Primero, analizaremos a los intelectuales y académicos que estudiaron las religiones afro en el siglo XX, utilizando el concepto de sincretismo religioso, mostrando cómo estos autores utilizan este concepto para construir una idea de la superioridad de algunas religiones afrobrasileñas, a partir de la idea de la “pureza africana”. Destacaremos las principales críticas y problemas en el uso de este concepto y buscaremos presentar una alternativa conceptual para los estudios afrobrasileños: los estudios poscoloniales y su noción de hibridación.
Palabras clave: Religiones afrobrasileñas; sincretismo; estudios poscoloniales; hibridez.
Referências
BASTIDE, Roger. As Religiões Africanas no Brasil. 3° Ed. São Paulo: Livraria Pioneira, 1989.
BERND, Zilá. O elogio da crioulidade – o conceito de hibridação a partir dos autores francófonos do Caribe. In: ABDALA JÚNIOR, Benjamin. Margens da Cultura – Mestiçagem, hibridismo e outras misturas. São Paulo: Boitempo, 2004. (p. 99-111).
BHABHA, Homi K. O Local da Cultura. Belo Horizonte: UFMG, 1998.
BIRMAM, Patrícia. O que é Umbanda. São Paulo: Brasiliense, 1983.
CANCLINI, Nestor Garcia. Culturas Híbridas – Estratégias para entrar e sair da Modernidade. 4° Ed., 1° Reimp. São Paulo, Edusp, 2006.
CARNEIRO, Edison. Religiões Negras/Negros Bantos – Notas de etnografia religiosa e de folclore. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991.
CASTRO, Josué Tomasini. Discursos Hereros sobre uma África Cristã – Contribuições antropológicas para a compreensão de fenômenos sincréticos. Monografia (Graduação em Ciências Sociais). Porto Alegre: PUC-RS, 2006.
COSTA, Sérgio. Dois Atlânticos – teoria social, antirracismo, cosmopolitismo. Belo Horizonte: UFMG, 2006.
DAMATO, Diva Bárbaro. As literaturas do caribe francês e a noção de crioulização. In: CHAVES, Rita; MACEDO, Tânia (org.). Literaturas em Movimento – hibridismo cultural e exercício crítico. São Paulo: Arte & Ciência, 2003. (p. 31-40).
DANTAS, Beatriz Góis. Vovó Nagô & Papai Branco – usos e abusos da África no Brasil. Rio de Janeiro: Graal, 1988.
FERNANDES, Gonçalves. O Sincretismo religioso no Brasil. Curitiba: Guaíra, 1941.
FERRETTI, Sérgio F. Notas sobre o sincretismo religioso no Brasil – modelos, limitações, possibilidades. Revista Tempo. Vol. 6, n° 11, UFF: Niterói-RJ, julho/2001. (p. 13-26).
__________________. Repensando o Sincretismo – Estudo sobre a Casa das Minas. São Paulo: EDUSP, 1995.
FRIGERIO, Alejandro. The Search for Africa – Proustian nostalgia in afro-Brazilian studies. Los Angeles. University of California, 1983.
FRY, Peter. As religiões africanas fora da África – o caso do Brasil. Rio de Janeiro: Museu Nacional-PPGAS, 1984.
GLISSANT, Édouard. Introdução a uma poética da diversidade. Juiz de Fora: EdUFJF, 2005.
MAGGIE, Yvonne. Guerra de Orixá – um estudo de ritual e conflito. 3° Ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
MATORY, J. Lorand. Jeje: repensando nações e transnacionalismo. Revista Mana. V. 5, n° 1. Rio de Janeiro, 1999.
MOTT, Luís. Acotundá – Raízes setecentistas do sincretismo religioso afro-brasileiro. Revista Escravidão – homossexualidade e demonologia. São Paulo: Ícone, 1988. (p. 87-114).
MOTTA, Roberto. Bandeira de Alairá: a festa de Xangô-São Jorge e problemas do sincretismo. In: MOURA, Carlos Eugênio M. de. (Org.) Bandeira de Al/airá - outros escritos sobre a Religião dos Orixás. São Paulo, Nobel: 1982.
MUNANGA. Kabengele. Art africain et syncretisme religieux au Brésil. In: DÉDALO. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia. São Paulo: USP, 1989.
ORTIZ, Fernando. Contrapunteo cubano del tabaco y el azúcar. La Habana, Editorial de Ciências Sociales, 1991 (1º ed. 1940).
PRANDI, J. Reginaldo. Os Candomblés de São Paulo - Questões sobre a sociabilidade na Metrópole Paulista contemporânea, num estudo sociológico de crescimento de uma Religião de deuses tribais africanos. São Paulo, USP-FFLCH, Tese de Livre Docência (mimeo), 1989.
RAMOS, Arthur. O Negro Brasileiro. 5° Ed. Rio de Janeiro: Graphia, 2001.
RIO, João do. As Religiões no Rio. Editora Nova Aguilar – Coleção Biblioteca Manancial n° 47, 1976.
RODRIGUES, Raimundo Nina. O animismo fetichista dos negros bahianos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1935.
__________________________. Os Africanos no Brasil. 7° ED. São Paulo: Nacional / Brasília: Unb, 1988.
SÁ JÚNIOR, Mario Teixeira de. A invenção da alva nação umbandista – a relação entre a produção historiográfica brasileira e a sua influência na produção dos intelectuais da Umbanda (1840-1960). Dissertação (Mestrado em História). Dourados: UFMS, 2004.
SEGATO, Rita Laura. Iemanjá em família: Mito e Valores cívicos no Xangô do Recife. Anuário Antropológico 87. Brasília: UnB/Tempo Brasileiro, 1990.
SEPILLI, Túlio. O Sincretismo religioso Afro-católico no Brasil. In: ZANNICHELLI, N. (dir.), Studi e Materiali di Storia delle Religioni. Bolonha: IEB-USP, 1954.
SILVA, Vagner Gonçalves da. Orixás da metrópole. Petrópolis-RJ: Vozes, 1995.
SOUZA, Juliana Beatriz de; VAINFAS, Ronaldo. Brasil de todos os santos. 2° ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.
SOUZA, Lynn Mario T. Menezes de. Hibridismo e tradução cultural em Bhabha. In: ABDALA JÚNIOR, Benjamin. Margens da Cultura – Mestiçagem, hibridismo e outras misturas. São Paulo: Boitempo, 2004. (p.113-133).
VALENTE, Ana Lúcia E. F. O Negro e a Igreja Católica: O espaço concedido, um espaço reivindicado. São Paulo, USP-FFLCH-Dep. Antropologia. Tese de Doutorado (mimeo), 1989.
VALENTE, Waldemar. Misticismo e Religião (Aspectos do Sebastianismo Nordestino). Recife: IJNPS-MEC, 1963
VERGER, Pierre. Notas sobre o culto dos Orixás e Voduns na Bahia de Todos os Santos, No Brasil e na Antiga Costa dos Escravos, na África. São Paulo: Edusp, 1999.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Os autores não serão remunerados pela publicação de trabalhos na Élisée - Revista de Geografia da UEG.
Os conteúdos publicados, contudo, são de inteira e exclusiva responsabilidade de seus autores, ainda que reservado aos editores o direito de proceder a ajustes textuais e de adequação às normas da publicação.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution 4.0 que permite a distribuição deste material, desde que cumpra os seguintes requisitos:
- Atribuição — Você deve atribuir o devido crédito, fornecer um link para a licença, e indicar se foram feitas alterações. Você pode fazê-lo de qualquer forma razoável, mas não de uma forma que sugira que o licenciante o apoia ou aprova o seu uso;
- NãoComercial — Você não pode usar o material para fins comerciais;
- SemDerivações — Se você remixar, transformar, ou criar a partir do material, não pode distribuir o material modificado.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.