ESTÉTICA DA REDENÇÃO
A ENERGIA SOLAR NO FILME ABRIGO NUCLEAR (1981)
Resumo
O artigo analisa a forma como a energia solar emerge no filme Abrigo Nuclear (1981) de Roberto Pires, à luz das ansiedades e dos movimentos de contestação política e ambiental da época em que foi lançado. O filme conta a saga de um grupo de revolucionários que desenvolvem, secretamente, uma alternativa energética solar, em um planeta devastado pela energia nuclear, cuja população humana vive no subsolo sob um regime político despótico. O filme é analisado por meio de metodologia ecocrítica em conjunto com aspectos teóricos dos estudos de ficção científica na história ambiental, lançando mão do contexto histórico do período em que foi lançado. A energia solar emerge como solução redentora da humanidade no filme Abrigo Nuclear, em contraposição a uma tecnologia vista como ameaça existencial. Por um lado, a estória exibe, um imaginário apocalítico fruto das ansiedades frente aos debates sobre a energia nuclear e a política adotada pelo Regime Militar em apoio ao desenvolvimento dessa matriz energética. Por outro lado, sugere a possibilidade de um futuro utópico com o desenvolvimento de energias renováveis e ideias ligadas à sustentabilidade ambiental, ambivalência que se fazia presente nas narrativas do movimento ambientalista da época.