HISTÓRIA SOCIAL DA HANSENÍASE: UM ESTUDO COM EX-PACIENTES DA COLÔNIA SANTA MARTA/GOIÁS

Autores

  • Marco Antônio Inácio
  • Tatiana S. Fiuza

Palavras-chave:

Hanseníase, Estigma da hanseníase, Hospitais-Colônia, Colônia Santa Marta.

Resumo

Introdução e objetivos: A hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada pelo Mycobacterium leprae. Nos nervos periféricos, o bacilo se aloja e provoca lesões que causam perda de sensibilidade térmica, dolorosa e tátil, podendo evoluir para incapacidades físicas permanentes3. O isolamento compulsório em Hospitais-Colônia foi a principal medida de controle da doença no passado1. O trabalho objetivou contextualizar a história social da hanseníase pelo viés de ex-pacientes que viveram na Colônia Santa Marta, correlacionando o isolamento social e questionar a responsabilidade do Estado perante aos ex-internos. Metodologia: Questionários com perguntas semiestruturadas, fotografias e diário de campo com observação participante. Resultados e discussões: A Colônia foi reestruturada em Hospital de Dermatologia Sanitária e as moradias em que alojam ex-pacientes da Colônia são organizadas na Vila Santa Marta. Dos ex-pacientes entrevistados, 80% apresentaram sequelas incapacitantes e 100% alegaram ter no preconceito sua principal dificuldade em viver a Hanseníase. Observou-se que o isolamento compulsório contribuiu para a consolidação do estigma da doença, que impediu a reinserção destes na sociedade mesmo após a cura da doença2. Verificou-se que as pessoas com sequelas incapacitantes têm necessidades especiais e encontram em estado de abandono, tanto pelo Estado como pela Santa Marta, sem assistência médico-hospitalar. Infelizmente as ações do Ministério da Saúde são apenas vinculadas a prevenção e tratamento da hanseníase e não contemplam os hospitais-colônia e as pessoas que viveram confinadas por décadas4. Conclusões: O isolamento foi uma medida de Estado e este deveria se responsabilizar pelo cuidado dos ex-internos, assim como estabelecer Políticas Públicas de enfretamento do preconceito. O trabalho é um compromisso com a dignidade das pessoas que são hoje idosas e se encontram em estado de abandono pelo poder público.

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Publicado

2015-06-08

Edição

Seção

Assist Farmacêutica, Ensino Farmacêutico, Saúde Pública e Ciências Regulatórias