Por uma análise do discurso ecossistêmica da problemática do gênero em sociedades muçulmanas: o caso do Senegal
Resumo
A desigualdade de gênero é uma realidade histórica atestada em todas as sociedades. Com base na cultura patriarcal real das grandes religiões (Cristianismo, Islamismo e Judaísmo), não se pode negar o importante papel da tradição e da religião na desigualdade de gênero em países como, por exemplo, o Senegal. Nos países muçulmanos, onde a religião e o Estado caminham lado a lado, algumas práticas cotidianas não relacionadas ao Islamismo são aplicadas e, infelizmente, justificadas pela religião. Nesse viés, acredita-se que uma das identidades da mulher muçulmana é construída via identidade do marido ou submissão ao marido. Portanto, ela pode sofrer uma crise de identidade, sendo condenada a permanecer em condição “inferior” ao homem. Assim, em observância ao Alcorão e aos estudos de Beauvoir (1970), Bugul (1999), Adiche (2015) e Couto, Couto e Borges (2015), o presente estudo teve por objetivo discorrer, por meio da Análise do Discurso Ecossistêmica, os versículos sagrados referentes ao casamento e à herança, no intuito de averiguar os sofrimentos social, mental e físico que vitimizam as mulheres muçulmanas. De modo particular, foi possível perceber que a mulher senegalesa, no casamento, é vítima dos seguintes tipos de sofrimento: físico (por ser campo lavrado de seu marido, ela pode até apanhar dele); social (como ela é avaliada, percebida pela sociedade ao infringir as tradições); e, mental (por sofrer calada em relação aos problemas conjugais entre ela e o marido e entre ela e as outras esposas).
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