O PROJETO ORIGINAL DE GOIÂNIA É RESULTADO DE UM ESFORÇO COLETIVO
Resumo
O texto revisa o papel tradicionalmente atribuído pela historiografia a Armando de Godoy no projeto original de Goiânia, especialmente no que diz respeito ao desenho do Setor Sul, considerado, por esta mesma historiografia urbana, um exemplo representativo do conceito de “bairro-jardim”, nos primórdios do urbanismo moderno no Brasil. Também propõe uma revisão crítica dessa autoria, sugerindo que o projeto da nova capital foi resultado de um esforço coletivo, no qual se destaca a figura de Attílio Corrêa Lima, responsável pelos primeiros desenhos e pela concepção geral dos setores Central e Norte. Além disso, evidencia-se a participação decisiva dos técnicos da Construtora Coimbra Bueno e da Superintendência Geral das Obras, com Armando de Godoy atuando como consultor técnico, e não como autor principal, como apontado tradicionalmente. A análise é baseada em uma nova leitura da documentação oficial e na investigação de outras fontes, sobretudo os documentos do Acervo Ewald Janssen, do Museu Antropológico da Universidade Federal de Goiás. Esses registros permitem reavaliar o processo de planejamento urbano de Goiânia e reconhecer a contribuição de múltiplos atores na concepção e execução do projeto. Conclui-se que o Plano de Urbanização de Goiânia, aprovado pelo Decreto-Lei 90-A de 1938, reflete uma nova perspectiva sobre a formação do espaço urbano de Goiânia ao longo da década de 1930, reconhecendo-o como resultado de uma construção coletiva e não como obra autoral. Nesse sentido, Goiânia não foi apenas um símbolo de modernização periférica, mas também um exemplo da complexidade dos projetos urbanos do período.
Palavras–chave: Goiânia; História Urbana; Urbanismo moderno; Autoria coletiva.