NATUREZA FÍSICA E HUMANA, DO FASCÍNIO ROMÂNTICO E CONTEMPLATIVO ÀS RELAÇÕES MERCADOLÓGICAS
Resumo
O modo de apreender e usufruir a natureza física e humana tem sofrido modificações profundas ao longo da história sob a égide do capital financeiro e especulativo. Intencionando compreender como tais alterações ocorreram em solo brasileiro e, principalmente, goiano, este artigo encontra-se seccionado em três partes. Num primeiro momento, propõe-se discorrer acerca da relação sujeito-natureza enquanto evolução da condição contemplativa dos recursos naturais à apropriação da natureza como objeto coisificado. Posteriormente, passa-se à análise das formas históricas de exploração dos recursos naturais nos ditos “sertões” brasileiros e à sua materialização no estado de Goiás com início no período da colonização portuguesa. Por fim, busca-se indicar os resultados da degradação das relações sujeito-natureza e sujeito-sujeito com o advento da modernização agrícola no Cerrado goiano a partir de meados do século XX. Através das argumentações expostas, infere-se que as alterações relacionais decorrentes da supremacia do capital em Goiás, culminaram com a evidente divisão do rural em dois extremos: o agronegócio remunerador e a pequena agricultura empobrecida, atrelada à banalização da questão agrária; com o empobrecimento de habitantes tanto do campo, quanto das cidades; com a devastação de grande parte do segundo maior bioma brasileiro. E, enfim, com o solapamento cultural das populações tradicionais, transformando-as em meras ruralidades em um espaço com alta dependência dos recursos naturais.