UM OLHAR FOUCAULTIANO SOBRE AS PRÁTICAS SÓCIO-DISCURSIVAS DE (MULTI)LETRAMENTOS DE UM ALUNO DA ZONA RURAL EM SALA DE AULA

Autores

  • Bruna Angélica Gonçalves Universidade Federal de Goiás
  • Maria Dolores Martins de Araújo Universidade Federal de Goiás

Palavras-chave:

Multiletramentos, Relações de poder, Ensino crítico

Resumo

A presente proposta de trabalho visa analisar as práticas sócio discursivas de (multi)letramentos de um aluno da zona rural, em contexto de sala de aula, a partir da ótica foucaultiana referente às relações de poder. Para tanto, temos como referencial teórico os atuais estudos críticos sobre os letramentos múltiplos e heterogêneos (STREET, 2014), perspectivas socioculturais de letramento (SOUZA, 2011), perspectiva dos multiletramentos (ROJO, 2012) e letramentos na escola (KLEIMAN, 1995; 2007), em interlocução com as elucidações de Foucault (1984; 1995; 2012). A investigação seguiu o paradigma qualitativo de pesquisa tendo como método o estudo de caso (ESTEBAN, 2010; ANDRÉ, 2014). O participante da pesquisa foi um aluno da zona rural inserido no contexto de uma escola pública de ensino fundamental situada em uma cidade do interior do estado de Goiás, especificamente em uma turma de 6º ano. Os instrumentos utilizados foram à observação de aulas com registro de notas de campo e uma entrevista semiestruturada com o discente. Após as análises e reflexões, os resultados indicam que as práticas de multiletramentos desse aluno designam papéis sociais e estabelecem relações de poder dentro da sala de aula. Desta forma, os saberes, os falares, as marcas que o discente traz consigo de seu contexto são deslegitimados pela professora e os colegas, o que funciona como modo de objetivação desse sujeito. Assim, conforme os dizeres de Foucault (1984), é possível delinear que os discursos proferidos dentro daquele contexto definiram procedimentos de exclusão, uma vez que determinaram se o aluno podia ou não falar, participar de determinadas interações em sala de aula, bem como o que ele podia ou não falar. Tendo em vista a diversidade dos conhecimentos e o poder da linguagem na construção da identidade dos sujeitos, a partir deste trabalho, pretendemos levantar a discussão sobre um ensino crítico da linguagem, que leve em consideração a heterogeneidade dos atores sociais que protagonizam o processo de ensino-aprendizagem.

Downloads

Publicado

2017-04-21

Edição

Seção

Linguagem e saúde mental