INDÍGENAS E NEGROS NAS PERSPECTIVAS HISTORIOGRÁFICAS DE FRANCISCO ADOLFO VARNHAGEN (1816-1878) E JOÃO CAPISTRANO DE ABREU (1853-1927) PRECURSORES DA HISTÓRIA DO BRASIL E DA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL
Palavras-chave:
Historiografia, negros e indígena.Resumo
Desde os primórdios da construção historiográfica brasileira os indígenas e negros vem sendo negligenciado, pouco foram mencionados na história, geralmente representados de forma depreciativa, eram narrados como elemento secundário no processo de formação da “nação” brasileira, tendo um futuro pouco promissor no que diz respeito ao indígena e o inevitável branqueamento no que diz respeito aos negros. Muitas eram as profecias que anunciavam o inevitável futuro “escatológico” aos povos indígenas, fadados a desaparecer com o decorrer do tempo, assim com o inevitável branqueamento da nação brasileira. Esse lugar na história em que foram inseridos os povos indígenas e os negros vem de uma tradição historiográfica influenciada pelo IHGB (Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro) fundado em 1838 sob o aval e proteção do império brasileiro. Os primeiros intelectuais do IHGB tinham intenções de escrever a história do Brasil buscando exaltar os feitos dos portugueses, em busca de garantir uma identidade nacional que enfatizasse a unidade, camuflando todos os conflitos sociais as diferenças os diversos costumes e variedades culturais existentes no território brasileiro. Os principais intelectuais que se dedicaram a esse trabalho foram o viajante alemão Karl Fhipp Von Martius e o visconde Adolfo Varnhagen, o primeiro propõe um plano de como se devia melhor escrever a história do Brasil, no qual defendia que o historiador deveria dar ênfase na busca de uma unidade para a nação, ideal esse por excelência homogeneizador, mas quem de fato irá escrever essa história será o segundo, ou seja, Adolfo Varnhagen que escreveu nos anos de 1850, fazendo jus a esse principio. Diferente dessa linha de pensamento que buscava uma história que enfatizasse a unidade se destaca João Capistrano de Abreu que escreve posteriormente a Varnhagen já nos anos de 1900, esse estudioso caminha na contramão da via historiográfica proposta no principio, pelo instituto histórico e Geográfico Brasileiro e Adolfo Varnhagen, buscando dar ênfase em uma história do Brasil que começasse a partir do seu próprio povo, dessa forma colocando em cena os povos indígenas e em menor proporção inserindo também os negros. O presente artigo objetiva mostrar as principais ideias historiográficas desses dois autores supracitados, a respeito da escrita da história do Brasil, por serem os pioneiros do IHGB que mais se destacaram.