ENTRE IMAGEM E DISCURSO
UMA ANÁLISE DOS QUADRINHOS FIXAÇÃO, DE HELUIZA BRIÃO E CÁTIA ANA BALDOINO DA SILVA
Resumo
Este estudo analisa o quadrinho Fixação, de autoria de Heluiza Brião e Cátia Ana Baldoino da Silva (2020), procurando entender como se dá a constituição dos sujeitos e dos sentidos em sua materialidade significativa, a partir do suspense e do horror. Ao ler uma história em quadrinhos, compreende-se que vários sentidos são possíveis a partir da ilustração na relação com a escrita, mas mesmo esses vários sentidos são determinados a partir do processo discursivo em que se relaciona a imagem produzida com a memória constitutiva dos sentidos, ou seja, a memória discursiva (Orlandi, 2007). Nessa relação, a materialidade se dá também a partir dessa condição, pois ocorre a relação entre a forma e a história para assim produzir efeitos. Nessa direção, este artigo baseia-se na Análise de Discurso para poder entender pelo viés dos estudos discursivos com base em Orlandi (2007), como os sentidos são produzidos pelo/no quadrinho. Para isso, esta pesquisa apresenta a relação discurso e história em quadrinhos a partir de McCloud (1995), Postema (2018); depois sobre horror e quadrinhos (Milanez, 2011), para então analisar o quadrinho Fixação. Compreende-se que os sujeitos e os sentidos materializados pelos quadrinhos são produzidos a partir do jogo entre a memória e a imagem. Assim, temos, no quadrinho analisado, o desejo e obsessão por algo, que vai além da própria morte, simbolizado pelo personagem-fantasma Clara. Dessa forma, a memória retorna na materialização do quadrinho e no ato de leitura enquanto efeito.