LINGUAGEM E COMPORTAMENTOS NAS LETRAS DE MÚSICA SERTANEJA

A SINTOMATOLOGIA DOS TRANSTORNOS DE HUMOR E DE PERSONALIDADE NORMALIZADOS NO TERMO SOFRÊNCIA

Autores

Resumo

A música sertaneja teve por um bom tempo um público e origens específicos: o campo. A partir de meados dos anos de 1990, o boom mercadológico da indústria fonográfica veio ocupando os diferentes cenários culturais brasileiros, rompendo com os seus regionalismos e levando a música sertaneja no formato atual a se tornar um fenômeno nacional. Esse estilo musical é apreciado por diferentes grupos sociais e suas formas de ler e viver no mundo podem, transversalmente, “normalizar” os adoecimentos mentais ou formas de comportamento que comprometem a autoestima, reforçam o inconsciente patriarcal ou legitimam a “fuga” da dor por meios paliativos, a exemplo do consumo excessivo de álcool. Para essas análises, foram escolhidas duas composições. A primeira, interpretada por Gusttavo Lima, Bloqueado, servirá para discutir o Estado Misto, condição na qual o portador do transtorno bipolar oscila entre a depressão e a ativação. Em seguida, será analisada a música De quem é a culpa?, cantada por Marília Mendonça, que traz nas estrofes indícios de um comportamento afetado pela síndrome de Borderline. É objetivo deste artigo problematizar, a partir do conceito de massa, o poder cultural da música sertaneja como instrumento discursivo que emana percepções da realidade. Tratam-se de constructos do senso comum e, entre eles, o termo sofrência que, em relativa medida, minimiza a consciência social sobre a sintomática de possíveis transtornos mentais graves.

 

Palavras-chave: Música Sertaneja, Borderline, Estado Misto, Linguagem de Massa.

 

Biografia do Autor

  • Raquel Miranda Barbosa, Universidade Estadual de Goiás (UEG)

    Doutora em História, desde 2017, pela Universidade Federal de Goiás, na linha de pesquisa Fronteiras, Interculturalidades e Ensino de História. Foi bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG). ).Mestre em História Cultural pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (2009), linha de pesquisa História, Cultura e Poder. Graduada em História pela Universidade Estadual de Goiás (1998). Professora de História Moderna e Contemporânea na Universidade Estadual de Goiás. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Métodos e Técnicas no Ensino de História. Autora da dissertação "A Senhora Luz, a Senhora Guia": na festa o entrecruzar da História, da Religião e da Cultura Popular na Povoação do Bacalhau (1857 a 1950) e da tese "Muito Além das Telas Douradas: cidade e tradição em Goiandira do Couto (1960-2001).Tem pesquisa sobre o campo religioso na cidade de Goiás. Atualmente, estuda a produção artística (pictórica) e cultural no Brasil Central. Atuo como docente do Programa de Pós Graduação em Estudos Culturais, Memória e Patrimônio (PROMEP/UEG) pela linha de pesquisa " Cultura, Preservação e Identidades".

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Publicado

2025-02-26

Edição

Seção

Linguagem e saúde mental