LINGUAGEM E COMPORTAMENTOS NAS LETRAS DE MÚSICA SERTANEJA
A SINTOMATOLOGIA DOS TRANSTORNOS DE HUMOR E DE PERSONALIDADE NORMALIZADOS NO TERMO SOFRÊNCIA
Resumo
A música sertaneja teve por um bom tempo um público e origens específicos: o campo. A partir de meados dos anos de 1990, o boom mercadológico da indústria fonográfica veio ocupando os diferentes cenários culturais brasileiros, rompendo com os seus regionalismos e levando a música sertaneja no formato atual a se tornar um fenômeno nacional. Esse estilo musical é apreciado por diferentes grupos sociais e suas formas de ler e viver no mundo podem, transversalmente, “normalizar” os adoecimentos mentais ou formas de comportamento que comprometem a autoestima, reforçam o inconsciente patriarcal ou legitimam a “fuga” da dor por meios paliativos, a exemplo do consumo excessivo de álcool. Para essas análises, foram escolhidas duas composições. A primeira, interpretada por Gusttavo Lima, Bloqueado, servirá para discutir o Estado Misto, condição na qual o portador do transtorno bipolar oscila entre a depressão e a ativação. Em seguida, será analisada a música De quem é a culpa?, cantada por Marília Mendonça, que traz nas estrofes indícios de um comportamento afetado pela síndrome de Borderline. É objetivo deste artigo problematizar, a partir do conceito de massa, o poder cultural da música sertaneja como instrumento discursivo que emana percepções da realidade. Tratam-se de constructos do senso comum e, entre eles, o termo sofrência que, em relativa medida, minimiza a consciência social sobre a sintomática de possíveis transtornos mentais graves.
Palavras-chave: Música Sertaneja, Borderline, Estado Misto, Linguagem de Massa.