JOSÉ DO PATROCÍNIO:
UMA VOZ EM SEU ROMANCE ESQUECIDO
DOI:
https://doi.org/10.31668/buildingtheway.v12i1.13233Resumo
Parte da geração de 70 (e 80), do século XIX, foi influenciada por teses que alicerçaram um projeto de nação para o Brasil à época e que perduram, em alguma medida, até o presente. Dentre os intelectuais participantes desta geração, a voz e a escrita de José do Patrocínio figuram indubitavelmente entre as mais destacadas. Raramente seu nome é lembrado na História da Literatura Brasileira, embora fora um dos membros fundadores da Academia Brasileira de Letras e autor de três romances, dentre eles, Motta Coqueiro ou a pena de morte, escrito em 1877. A obra referida rememora o caso real do último enforcamento no Brasil, o do fazendeiro Motta Coqueiro, suposto mandante de um violento crime ocorrido no norte fluminense em 1852, controverso até a presente data, contra uma família de agregados, que vivia nas terras do citado fazendeiro. Porém, não restrito ao evento trágico, o romancista leva perspicazmente o leitor para uma narrativa, que ressalta o drama dos negros e agregados na estrutura colonial; que desnuda os critérios de cor e classe social no Brasil colônia. O presente artigo reflete o papel da Memória como uma ferramenta manipulável, ativa e estratégica nas relações sociais e na literatura patrociniana.