QUE FAZER COM UMA FÊMEA PRENHE?
CONTINUIDADE E DIVERSIDADE ESTRUTURAL E TEMÁTICA EM TRÊS ROMANCES LUSO-BRASILEIROS
Resumo
Já foi dito que a forma principal de veiculação dos romances ibéricos medievais era o canto, não a escrita (CATALÁN, 1978; DI STEFANO, 1972; MIRRER, 1986; PETERSEN, 1972; ZUMTHOR, 2007). De fato, Zumthor (2007) enfatizou que do performer requeria-se a alteração constante da letra do romance para adequá-la à audiência. Não espanta, portanto, que continuidade e ruptura sejam fenômenos ubíquos e complementares na tradição oral dos romances ibéricos - e em seu estudo. Este artigo investiga três romances Luso-Brasileiros e contribui ao estudo dos romances medievais em duas frentes: de um lado, ao dialogar com estudiosos da tradição espanhola, inclui o estudo dos romances lusitanos na esfera mais ampla da produção ibérica. De outro, amplia as preocupações da tradição crítica espanhola ao investigar o papel que o componente temático tem, ao lado do da estrutura narrativa, quando se avalia se diferentes textos podem ser considerados romances distintos ou versões de um mesmo romance. Nos textos analisados, observou-se que embora os papéis actanciais dos sujeitos narrativos mantenham-se estáveis, o tratamento dado a dois dos temas abordados – “natureza/humano” e “mulher” – apresenta variações que interferem na organização narrativa dos romances.