“TIVE, ENTÃO, A VISÃO DO QUE DEVERIA SER FEITO. RASGARIA UM CRUZEIRO DE ESTRADAS, DEMANDANDO OS QUATRO PONTOS CARDEAIS TENDO POR BASE BRASÍLIA” – ESTRATÉGIAS DO ESTADO E O DOMÍNIO DO TERRITÓRIO NO BRASIL: A CONQUISTA DO CENTRO OESTE
DOI:
https://doi.org/10.31668/rt.v12i01.13724Resumo
O objetivo do artigo é verificar a dinâmica do processo de (re)ocupação territorial e interiorização dos valores ocidentais modernos na região do Brasil Central, cujas políticas coordenadas pelo Estado se intensificaram na década de 1940, durante o governo Getúlio Vargas, com a “Marcha para o Oeste”. Para levar a cabo o programa de interiorização, o governo federal organizou a chamada Expedição Roncador-Xingu e criou a Fundação Brasil Central (FBC). Em seguida, Juscelino Kubitschek também incentivou o ideal da unidade territorial, buscando alterar a fisionomia econômica e social do país com base no Plano de Metas. Esse movimento em direção ao Oeste que culmina na inauguração de Brasília, integra uma política de intervenção do Estado sobre o território nacional que atravessa décadas e conecta diferentes governos. No texto que segue, examinam-se as ações e objetivos vinculados às iniciativas estatais que tornaram o interior do continente e, particularmente, as regiões do cerrado brasileiro, em elo de integração incorporado ao padrão de acumulação da economia capitalista mundial.
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