Ecos nietzschianos e wagnerianos na Rede Globo ou ensaios de (Super)interpretação: Histórias que Luiz Fernando Carvalho conta na TV

Autores

  • Michelle dos Santos UEG

Palavras-chave:

TV, Educação, Estética

Resumo

Assim como Peter Burke decidiu enxergar em seus estudos os pintores como historiadores, reconheço Luiz Fernando Carvalho (LFC) como um pedagogo cultural, a partir das minisséries A Pedra do Reino (2007), Capitu (2008) e Afinal, o que querem as mulheres? (2010), por ele dirigidas na Rede Globo. Sua teleficção serve à reflexão histórica não na medida em que exemplifica ou tipifica a realidade passada ou presente, mas na medida em que a desdiz, a contradiz, distorcendo-a, misturando anacrônica e criativamente experiências díspares, apresentando-nos, ao fim, histórias únicas em seu gênero. Ele ultrapassa a tradicional separação aristotélica, ao articular o que aconteceu em encenações do que poderia ter acontecido. Ao dar ‘seus’ sentidos à história, o diretor cria realidades autorais, valendo-se para tal de (super)interpretações (Umberto Eco). Então a questão não é trazer o passado para a imagem, para a televisão. A questão é a TV pensar a tradição, a memória, a história. Assim, cenas, personagens, episódios e momentos históricos desfilam diante do olhar do espectador, mas sobrepujados por disparates temporais que, longe de prestarem um desserviço aos historiadores, podem ser por eles apropriados em sala de aula. As três minisséries a serem tratadas nesse artigo servem ainda ao debate sobre uma educação estética, aberta e dialógica, motivada e incitada pelas combinações perturbadoras e neologismos imagéticos de Carvalho. Conduzindo a câmera, a trajetória de LFC foi sempre pontuada, podemos superinterpretar, por um dos traços nietzschianos: o questionamento permanente, e por um dos traços wagnerianos: a integração de múltiplas expressões artísticas diferentes. 

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Publicado

2013-12-22

Edição

Seção

Artigos livres