Sombras da “morte de Deus” no terceiro milênio: Nietzsche e o fundamentalismo

Autores

  • João Paulo Simões Vilas Bôas Unicamp

Palavras-chave:

Niilismo, fundamentalismo, pathos da distância

Resumo

Muito embora Friedrich Nietzsche nunca tenha teorizado diretamente sobre o fundamentalismo, seu diagnóstico do fenômeno de depreciação das principais crenças e valores que até então sustentavam a visão de mundo ocidental ― sintetizado na sentença “Deus está morto!” ― parece oferecer condições para o desenvolvimento de uma interpretação e avaliação da emergência de doutrinas fundamentalistas dos mais variados matizes na atualidade. Este trabalho se propõe a perseguir esta vereda interpretativa buscando compreender o fundamentalismo como uma reação tardia e desesperada que quer a qualquer custo barrar o avanço da dessacralização dos “ídolos” que anteriormente ofereciam sustentação à estrutura do direito, da política, da cultura, da filosofia e das principais instituições das sociedades ocidentais. Todavia, do mesmo modo como as reflexões de Nietzsche sobre o niilismo não tencionavam somente diagnosticar este fenômeno global, mas almejavam também a sua superação, acreditamos ser possível haurir elementos nos seus escritos de maturidade que permitam estruturar uma resposta para a presente pandemia de fanatismos que assola de maneira implacável o mundo contemporâneo. As linhas gerais daquilo que entendemos como uma possível resposta nietzscheana ao fundamentalismo se estruturam a partir da combinação de uma passagem do §53 d’O Anticristo juntamente com as reflexões deste pensador sobre o pathos da distância e de sua valorização do conflito.

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Publicado

2013-12-10

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Autor Convidado