DA “TERRA SEM MAL” AO “PARAÍSO PERDIDO”: PERSPECTIVAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS ACERCA DO MESSIANISMO/MILENARISMO
Palavras-chave:
Messianismo, História, SociologiaResumo
Embora pareçam já há muito discutidos, os movimentos messiânicos e milenaristas, especialmente no Brasil, carecem ainda de reflexões teóricas. No campo da História, tais movimentos religiosos, se tomados do ponto de vista teórico-metodológico, parecem ainda mais insipientes. Na Sociologia, por outro lado, a tendência a se pensar estruturalmente as relações de poder de tais movimentos, não raramente com generalizações – ao que nos parece – abusivas para com as singularidades dos eventos e sujeitos históricos, tem se imperado na maior parte das pesquisas que tomam como objeto de pesquisa os messianismos brasileiros. Desde a década de 1980, no entanto, uma tentativa de produção historiográfica sobre o tema tem tomado força, destacando-se, especialmente, com a introdução dos pressupostos teórico-metodológicos da Escola Italiana de História das Religiões, a partir da qual tendeu-se a se pensar os movimentos messiânico-milenaristas como eventos propriamente históricos, portanto singulares e localizados no tempo-espaço específicos, e não mais somente como parte de uma estrutura sociológica maior, que englobasse prioritariamente as relações de poder, capital, ou mesmo caracterizações que ultrapassassem necessariamente os sujeitos e indivíduos daquele movimento em específico. Em face disso, o presente artigo tem como propósito trazer algumas breves reflexões sobre alguns caminhos percorridos no Brasil acerca dos movimentos messiânico-milenaristas, tomando como base uma proposta de se pensar historicamente tais eventos, sem todavia perder de vista as perspectivas estruturais que os caracterizam como tais, sem transcender, no entanto, o indivíduo e o evento históricos.