DOM AFONSO NIEHUES: MEMÓRIAS DA REDE DE PROTEÇÃO AOS PERSEGUIDOS PELO REGIME MILITAR EM SANTA CATARINA
Palavras-chave:
construção de memórias, militante político-social, regime militar, Igreja católica.Resumo
Analisamos dois relatos de proteção e auxilio a perseguidos políticos: um religioso e um leigo - ambos com interferência direta de dom Afonso Niehues - então bispo arquidiocesano de Florianópolis –SC. Os relatos nos descrevem um bispo de perfil divergente daqueles que comumente aparecem na memória oficial da Igreja local. A partir destas narrativas objetivamos analisar as memórias presentes na história dessa Igreja local. Buscamos também compreender como a memória proclamada pelos militantes de esquerda, contrários a ditadura militar, contribuiu para angariar apoio e auxilio junto a tal liderança religiosa. Se de um lado se descreve um bispo indignado com as perseguições político militares a ponto de usar a própria estrutura da Arquidiocese para abrigar e deslocar perseguidos políticos, há, por sua vez, outra memória que o descreve como um bispo tradicionalista, que confraterniza com políticos militares, e que tem uma postura austera e enquadrada nos padrões e normas da Igreja Católica sob sua tutela. Nos casos que nos propomos analisar, percebemos exemplos que abrigam segmentos distintos do universo católico: um religioso consagrado sob sua jurisdição religiosa e uma leiga militante social, ligada à Ação Popular, ambos prontamente atendidos por D. Afonso, quando perseguidos com suas vidas ameaçadas pelos militares.