A MENTALIDADE PRIMITIVA E A HISTÓRIA DAS MENTALIDADES: APROPRIAÇÕES E USOS DE LÉVYBRUHL PELA NOUVELLE HISTOIRE

Autores

  • André Caruso Universidade Federal do Rio de Janeiro

Resumo

Em 1970, Jacques Le Goff, escreveu um artigo para a coletânea Faire de l’Histoire, cujo título parecia evocar uma contradição: “Mentalidades: uma história ambígua”. O artigo estava inserido na coletânea síntese do movimento Nouvelle Histoire e definia o programa desses “novos historiadores”. Por que associar o movimento a um termo tão “ambíguo” como “mentalidade”? Defendemos que a chave para a compreensão dessa escolha encontra-se em A mentalidade primitiva, de Lucien Lévy-Bruhl. Para Lévy-Bruhl, as mentalidades, isto é, as formas de experiência e relacionamento com o mundo, não seriam únicas para toda humanidade. Existiriam, inclusive, mentalidades impossíveis de se penetrar, tamanha a alteridade. Caberia ao etnólogo apenas descrevê-las. O conceito “mentalidade” representava um limite tanto para os nativos quanto para os pesquisadores. Para os nativos, limite do pensável, para os pesquisadores, limite do explicável. A Nouvelle Histoire, ou história das mentalidades, se apropriará desse “limite” para fazer frente ao sucesso da antropologia estrutural.

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Publicado

2020-07-09