VONTADE DE VERDADE
O APAGAMENTO DAS MARCAS DE SUBJETIVIDADE NO DISCURSO CIENTÍFICO
Resumo
Este artigo tem como objetivo refletir, a partir da noção de Vontade de Verdade, o modo como o discurso científico tenta apagar regularmente as marcas de subjetividade da estrutura léxico-gramatical dos enunciados, a fim de estabelecer uma perspectiva como absoluta. A partir de uma abordagem qualitativa, constituiu-se uma pesquisa exploratória, utilizando o método hipotético-dedutivo, descrevendo, analisando e interpretando um resumo de artigo científico enquanto materialidade representativa dos enunciados reproduzidos pelo discurso científico. Dessa forma, foi possível olhar para a estrutura linguística desse gênero discursivo, relacionando-o à estrutura social. Almejou-se uma análise minuciosa de um texto curto em detrimento de uma análise breve sobre um corpus extensivo. Para tanto, foram utilizados como parte do esteio teórico-metodológico: Couto (2007, 2016), constituindo o pano de fundo para a realização do trabalho, por meio da epistemologia da Ecolinguística; Halliday e Matthiessen (2014), contribuindo para a análise e descrição do corpus por meio da Gramática Sistêmico-funcional; Nietzsche (2006), sustentando a discussão com sua filosofia representada pelo conceito de Vontade de Verdade; e Foucault (1995), dando suporte em relação à noção de Subjetividade. O discurso científico tende a apagar o falante enquanto indivíduo, em função de legitimar a objetividade e a cientificidade do dizer, objetivando sobrepor, consequentemente, a subjetividade de quem diz, atribuindo a uma entidade maior (a perspectiva teórico-epistemológica) a autoria do enunciado.