A cartografia literária de Marques Rebelo
Resumo
O presente artigo tem por objetivo discutir a produção literária de Marques Rebelo (1907-1973) e seus diálogos interculturais com a Geografia Humanista, salientando a importância do espaço e seus deslocamentos nos romances Marafa (1935) e O espelho partido (trilogia composta por O trapicheiro (1959); A mudança (1963) e A guerra está em nós (1968). O enredo destes romances dedica-se a um curioso e vasto painel que abrange a cidade do Rio de Janeiro desde a década de trinta até meados da década de quarenta do século XX, época presente no enredo de O espelho partido (1936-1944). A partir da interface entre Literatura e Geografia, mais especialmente dos pressupostos da Geografia Humanista, parte-se do princípio de que a espacialidade participa ativamente da construção de sentido da obra, oferecendo uma armação estrutural, labiríntica e poética da cidade do Rio de Janeiro. Para empreender a análise, o estudo visa o questionamento da funcionalidade do espaço à luz dos conceitos teóricos de Yu-Fu Tuan, Michel Collot, Iuri Lotman, entre outros. Ademais, serão considerados ensaios críticos que abordem a ficção moderna de Marques Rebelo.